A empresa pernambucana Enercon Renováveis está disposta a investir no Estado de Goiás. Neste mês, anunciaram investimento inicial na cidade de Cristalina, na ordem de R$ 250 milhões, mais R$ 900 milhões, em Luziânia, somando R$ 1,15 bilhão. Além disso, pretendem investir nas cidades de Barro Alto e Jataí. Segundo o diretor comercial Luiz Gustavo Perazzo em entrevista ao Diário de Goiás a ordem total de investimentos no Estado deverá chegar a 6 bilhões, dentro dos próximos cinco anos.
Com uma usina fotovoltaica na região, além de geração de emprego e renda, e o consequente aumento do PIB estadual, também está a redução do valor da energia a longo prazo. Perazzo explica: “Cada Estado tem uma concessionária de energia. As vezes em um Estado tem mais de uma. No caso de Goiás, é a Enel Goiás. A Enel cobra uma tarifa para o consumidor de baixa tensão de 890 reais por megawatts e 89 centavos por kilowatts. No último leilão do mercado regulado a Enercom ela comercializou energia para um leilão a 84 reais o megawatts hora. Ou seja, nós comercializamos exatamente 10% o que o consumidor na ponta paga. Hoje a matriz fotovoltaica é a matriz mais barata do sistema”, pontua.
Com a implantação de outras fontes de energia e colocando à disposição, a tendência é que as já existentes abaixem seus preços ao longo do tempo. “Com a matriz fotovoltaica entrando no sistema de distribuição, o longo prazo a tendência é que o preço de 89 centavos o kilowatts/hora vai baixando, pois cada vez que tiver mais energia fotovoltaica que é a fonte mais barata no sistema a tendência que esse preço vá diminuindo”, pontua.
Com a presença da Enercom em Goiás, maior será a possibilidade de decréscimo na conta, em razão da livre concorrência de mercado entre empresas de várias fontes de energia: solar, eólica, hidráulica e térmica. A livre concorrência aumenta a competição e a tendência é a diminuição dos preços das energias ao consumidor final, beneficiando todo o sistema.
Região prepositiva à investimentos, mas burocracia trava
Há alguns motivos para que Goiás se torne a “menina dos olhos” para empresas dentro do mercado de energia solar. Primeiro, a região Centro-Oeste inteira está dentro de um raio positivo para captação de irradiação solar. “Primeiramente, Goiás está dentro de um cinturão solar que tem uma boa quantidade de irradiação. Ou seja: existe uma grande quantidade de irradiação solar que atinge o Estado de Goiás”, pontua.
Perazzo destaca que o Estado pode tanto produzir a energia como tem infraestrutura para realizar o escoamento dela. “Goiás é cortado por grandes linhas de transmissão e tem muita subestação onde você tá escoando essa energia que é o grande gargalo do sistema hoje. […] Goiás por não ter nenhuma e por ter grandes subestações com grande capacidade de estar recebendo esse escoamento de produção é a nova fronteira de energia solar do Brasil. Basicamente, você tem como produzir e como escoar que é fundamental”, pontua destacando que o cenário é diferente no Norte de Minas ou mesmo no Nordeste.
Ele usa o exemplo de Luziânia, onde está sendo realizado um dos investimentos da empresa no Estado. “Só a subestação de Luziânia tem a capacidade de receber produção de energia em torno 3 gigawatts de potência. É o que produz o Brasil todo hoje. Ou seja, todas as unidades de energia centralizada fotovoltaica poderiam estar sendo escoadas na subestação de Luziânia. No Brasil todo você não tem nenhum lugar com essa característica”, enfatiza.
Por outro lado, a burocracia ainda impede que o Estado receba uma usina fotovoltaica no Estado. “Porém, por entraves burocráticos e financiamento, hoje não tem nenhuma usina solar centralizada e instalada em Goiás”, ressalta.
Só falta a licença ambiental
Perazzo no entanto destaca que tudo está encaminhado. A Enercom Renováveis estava entre as empresas que assinaram um termo de compromisso em investimentos no Estado junto ao governo de Goiás. A contrapartida? A licença ambiental para dar seguir com o investimento. “Nosso projeto eu posso dizer que ele está 90% avançado. O único entrave hoje é realmente a emissão da licença ambiental por parte do Governo do Estado. Não pedimos área, não pedimos isenção de impostos, já arrendamos as fazendas, já iniciamos os processos de outorgas junto a Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], já temos as autorizações para nos conectarmos junto às subestações. Já temos iniciado o processo de licenciamento ambiental e arqueológico”, pontuou.
Os dois projetos – em Luziânia e Cristalina – já foram iniciados. Já foram arrendadas fazendas e tudo que é necessário para a montagem de uma usina fotovoltaica. A expectativa é que com a licença ambiental em mãos, o início das obras se dê no primeiro semestre de 2021. “Nós iniciamos em outubro do ano passado e hoje o projeto está num estado bem avançado de desenvolvimento. Nós já estamos completando um ano de medição em outubro próximo. Já temos o parecer de acesso da subestação de energia que vai receber nossa produção de energia. Nós já temos o informe de acesso favorável a conexão da nossa usina. Nós já estamos o processo de licenciamento ambiental. Já temos o registro de outorga junto a Aneel que é quem efetivamente outorga o poder para explorarmos esses empreendimentos”, ressalta Gustavo.
Emprego e renda
A empresa promete promover emprego e renda para o Estado de Goiás. A ordem da contratação inicial em Luziânia, por exemplo é de 2 mil pessoas. “Fora empresas de terraplanagem, recolhimento de resíduos, prestadoras de serviço como todo de segurança, vigilância e serviços gerais. É um investimento da ordem de 1.2 bilhões só para esses dois primeiros projetos em Luziânia e Cristalina que é uma coisa muito importante principalmente nesse momento de retomada econômica que nós estamos passando”, explica.
A empresa projeta bilhões de renda para o Estado nos próximos anos. “Só nossa empresa ela tem projetos hoje em Goiás que dão uma margem de seis bilhões de reais de investimentos nos próximos 3 a 5 anos”, ressalta Gustavo.
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