Figurando na lista de países com mais advogados em relação à população no mundo, o Brasil possui mais de 1 milhão desses profissionais – um para cada 209 habitantes –, apontou o levantamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em 2016. No mesmo ano, as faculdades públicas e privadas formaram aproximadamente 100 mil novos advogados, de acordo com a Sinopse do Ensino Superior, divulgada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Para os advogados no início de carreira, o inchaço na profissão representa mais um desafio e, embora pouco discutido na profissão, com um olhar empreendedor é possível ocupar diferentes nichos do mercado de trabalho ou atuar de forma autônoma, montando o próprio escritório. “Se formos prestar atenção em outras profissões, todas elas têm uma pincelada do Direito, mostrando que há outras formas de empreender. Podemos ir para a área do Direito Imobiliário, por exemplo. Não tem que ficar restrito e pensar ‘ah, eu vou advogar em um escritório x e essa é a minha única carreira profissional’”, opina a advogada e presidente da OAB Jovem de Minas Gerais, Renata Werneck.
Presente em todas as seccionais do Brasil, a OAB Jovem atua, entre outras frentes, prestando auxílio para advogados recém-formados ou com pouco tempo de carreira, com o objetivo de fazer com que eles também vejam a advocacia como um negócio empresarial. Para o advogado e presidente da OAB Jovem da Bahia, Hermes Hilarião, diante de um mercado competitivo, o recém graduado em Direito deve pensar a advocacia também como uma estrutura organizacional. “Há a atividade primordial da advocacia que é representar em juízo o interesse de alguém, mas o advogado ou advogada que desejar empreender e pensar a advocacia como negócio de verdade tende a ter mais sucesso profissional”, aposta Hilarião.
Estudante do segundo semestre do curso de Direito, Karen Cardoso, deseja montar o seu próprio negócio, mas até então não pensou na possibilidade de fazer uma especialização em algum segmento. “Nunca parei para pensar se eu vou querer algo ligado à administração ou áreas afins, por exemplo”. Diferente da Maria Luiza Silva, também estudante do segundo semestre. “Eu acho que a especialização faz o profissional mais completo. Através da especialização, podemos atuar em conjunto com algum profissional de outra área. Isso já ajuda muito”, diz ela.
Os líderes da OAB Jovem dão dicas parecidas para o advogado que quer empreender: conhecer mais a profissão, estudar bastante e estar atento às novas tecnologias. Além disso, ampliar o campo de visão profissional é fundamental para o advogado empreendedor. “As carreiras jurídicas são inúmeras. Tem a docência, tem a magistratura, promotoria. Tem a parte do business, que está sendo muito comentado agora, que é para ser diretor jurídico de empresas com ramos distintos, como alimentos, indústria automotiva”, exemplifica Renata.
Evento e projeto discutem a temática
De 29 a 31 de agosto, a OAB Jovem da Bahia fará a I Conferência Estadual da Jovem Advocacia Baiana, com o tema Advocacia do futuro: Democracia, Cidadania e Empreendedorismo. No evento serão discutidos temas sobre a uso das redes sociais novas tecnologias na advocacia, empreendedorismo, gestão de escritório, tributação da advocacia e marketing jurídico. As vagas são limitadas e o acesso é gratuito.
“Acreditamos que um dos papeis da OAB é fomentar, principalmente na advocacia jovem, o empreendedorismo, incentivando os advogados e advogadas a montarem seu próprio escritório. Mas sabemos que muitos profissionais não têm conhecimento de como gerir ou pensar o seu negócio de uma maneira mais profissional. O evento foi pensado para tocar nesse aspecto também”, afirma o advogado e presidente da OAB Jovem da Bahia, Hermes Hilarião.
Seguindo na mesma linha, A OAB Jovem de Minas Gerais pretende lançar em setembro o projeto Meu Primeiro Escritório, com objetivo de ensinar ao advogado que acabou de ser inserido no mercado de trabalho quais os passos a seguir para conseguir ter um escritório sólido. “Vamos compartilhar noções de marketing, ética profissional, gestão de escritório e financeira. Vamos oferecer esse suporte que o profissional não aprende na faculdade. O escritório de advocacia hoje é uma empresa. Como empresa, tem que ter noção básica de administração e gestão financeira. E é isso que queremos trazer”, antecipa a advogada Renata Werneck.
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