A seca no Amazonas já atingiu mais de 60 municípios da região, é o que mostram os últimos relatórios da Defesa Civil do Estado. A emergência hídrica, provocada pela forte estiagem e redução severa do volume dos rios é relacionada por pesquisadores ao aquecimento global.
De acordo com o relatório divulgado pela Defesa Civil, na quarta-feira (25), mais de 600 mil pessoas já foram diretamente afetadas. O governador do Amazonas, Wilson Lima, chegou a decretar, no mês de setembro, situação de emergência em 55 dos 62 municípios.
Ainda conforme os documentos, a cota do Rio Negro, atingiu, nesta quinta-feira (26) 12,70 metros, a menor já registrada desde 1902, quando começaram as medições do volume do rio. O recorde de alta foi de 30,02 metros em 16 de junho de 2021. Em Manaus, essa representa a pior seca dos últimos 121 anos.
Apesar de coincindir com a intensificação do fenômeno climático El Niño, o géografo Marcos Freitas, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que há indícios de que a seca no Amazonas esteja relacionada ao aquecimento global. “O que a gente observa é que o clima, na região do Rio Negro, sofre forte influência das massas de ar que vêm do Oceano Atlântico. Então, é possível correlacionar sim essa seca com as mudanças climáticas”, explica.
O especialista destaca que o desmatamento e os incêndios florestais, que aumentaram nos últimos tempos na região, também possuem seu percentual de culpa pela atual situação de estiagem. “O clima mais seco favorece o desmatamento. E o desmatamento também estimula esse clima mais seco. Quando vai se aproximando o verão amazônico, as chuvas vão diminuindo. E é nessa época que aumenta o desmatamento. Se o período seco se alonga, a Amazônia fica mais vulnerável às queimadas”. O geógrafo complementa que o efeito é a redução de chuvas, diretamente associado à seca, o que ele chama de “via de mão dupla”.
Apesar dos dados preocupantes, o professor ainda vê alternativas para o problema.”Se a gente conseguir reduzir bruscamente a nossa taxa de desmatamento e estimular o retorno de vegetação na área que foi desmatada, podemos ter um efeito positivo de adaptação, recuperando alguma umidade”, pondera Marcos.
Com informações da Agência Brasil
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