A tensão diplomática entre Brasil e Estados Unidos se intensificou nesta semana após a Embaixada norte-americana em Brasília publicar, em português, uma advertência direta ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e a seus aliados. A publicação foi feita no perfil oficial da embaixada na rede X (antigo Twitter) nesta quinta-feira (7).
Na nota, os norte-americanos acusam Moraes de ser “o principal arquiteto da censura e perseguição contra Jair Bolsonaro e seus apoiadores” e afirmam que suas ações configuram “flagrantes violações de direitos humanos”, o que teria motivado sanções do governo Trump com base na Lei Global Magnitsky. “Integrantes do Judiciário e de outras esferas estão avisados para não apoiar nem facilitar a conduta do magistrado”, diz o texto da Embaixada, acrescentando que Washington está monitorando a situação de perto.
O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump. Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras… https://t.co/mKCsObZASP
— Embaixada EUA Brasil (@EmbaixadaEUA) August 7, 2025
Repercussão e contexto
A publicação ocorre em meio a uma escalada nas tensões institucionais no Brasil. No início da semana, o ministro Alexandre de Moraes determinou prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, sob a acusação de desrespeitar medidas cautelares no âmbito do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
A decisão reacendeu críticas por parte de apoiadores do ex-presidente, além de provocar reações internacionais. Alguns dias antes da nota da Embaixada, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, órgão ligado ao Departamento de Estado que formula a política externa dos EUA para as Américas já havia se manifestado em tom semelhante.
“O juiz Moraes, agora um violador de direitos humanos sancionado pelos EUA, continua a usar as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia. Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender em público não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!”, destacou o órgão em nota oficial.
Sanções e Lei Magnitsky
Em julho deste ano, Alexandre de Moraes foi incluído formalmente na lista de sanções dos EUA, segundo fontes do Departamento de Estado, com base na Lei Global Magnitsky. A legislação permite ao governo americano aplicar sanções a indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos. As medidas incluem bloqueio de bens, restrições de visto e proibição de entrada nos Estados Unidos.
A inclusão de um ministro da mais alta corte do Judiciário brasileiro em tal lista marca um momento inédito nas relações diplomáticas entre os dois países, especialmente por se tratar de um nome central no sistema jurídico e no enfrentamento de pautas ligadas ao bolsonarismo.
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