A miss trans que acusa um delegado de estupro fez um novo depoimento sobre o que teria acontecido na madrugada da última sexta-feira (5). Em reportagem veiculada pela TV Anhanguera, a mulher conta que foi arrastada para o porta-malas e que lá permaneceu até chegar em sua casa. O delegado, que está afastado de suas funções, nega as acusações.
Segundo a modelo, que obteve medida protetiva, o delegado teria oferecido carona para ela e outra mulher, e quando ficou sozinha com o policial, ele insistiu para ter relações, e ela negou. “A partir dai ele começou a ficar mais agressivo”, disse a denunciante. “No momento em que me nego a me deitar com um homem, acredito que seja estupro. Ninguém deixa alguém daquele jeito após uma relação sexual”, completou.
Imagens das câmeras de segurança divulgadas pela TV Anhanguera mostram que a mulher chegou em casa sem roupas, por volta das 3h36 da madrugada. O amigo da vítima fez fotos do estado em que a modelo chegou em casa e a incentivou a realizar a denúncia. Nas fotos, a miss aparece com o corpo coberto de sangue.
A mulher conta que já sofreu 6 abusos desde os 9 anos, mas nunca tinha denunciado por vergonha e medo. “Olhei para mim mesma e disse: ‘A partir de agora, você não vai aceitar mais’. No início eu não iria denunciar, eu só queria tomar um analgésico e dormir, como fiz nas últimas vezes. Mas chega! Tantas outras mulheres transexuais passam por isso e sofrem caladas com medo. Mas agora chega, estamos cansadas”, disse a modelo.
Entenda o caso
Na ocorrência policial, a mulher teria relatado que estava negociando com o jornalista uma participação em um Podcast, como entrevistada. Durante as negociações, a miss teria sido convidada para o aniversário dele em um pub, onde o delegado teria se aproximado com elogios.
Ela conta que consumiu uma taça de gin e duas doses de whisky. Na sequência, o aniversariante teria ido embora e ela permaneceu na companhia do delegado. Ainda conforme o relato, o servidor da PC teria convidado a vítima para ir no carro dele até outro lugar, com mais uma mulher que estava no pub.
Investigação
A Polícia Civil afirmou que, assim que tomou conhecimento do fato, adotou as medidas necessárias para seu esclarecimento. O caso é investigado pela Delegacia da Mulher (Deam), com auxílio e acompanhamento da Corregedoria.
Débora Andrade Camargo, presidente da comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OABGO, afirma que a comissão está acompanhando o caso. “Será investigado, com o devido cuidado, como deve ser, dando às duas partes o acesso de defesa. No final, tudo será esclarecido e quem tiver que ser punido será devidamente punido”, disse na reportagem da TV Anhanguera.
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