Após ser eliminado no décimo paredão do Big Brother Brasil, Rodolffo pede desculpas ao público por comentários feitos dentro da casa. “Quero pedir desculpas a todos que ficaram chateados, revoltados. Reconheço meus erros e quero consertá-los. Estou aqui para assumir e ser verdade”, declarou o goiano em entrevista à Ana Clara, no Bate-Papo BBB.
Em disputa acirrada, o cantor sertanejo foi eliminado com 50,48% dos votos, após ouvir do apresentador Tiago Leifert, ensinamentos “de homem branco para homem branco” a respeito da legitimidade da dor de João Luiz, com relação à comparação de Rodolffo com peruca da fantasia de homem pré-histórico, no último castigo do monstro, ao cabelo do professor. “O João trouxe para casa toda um assunto que vai além do Big Brother”, disse.
“Vendo o que aconteceu ontem no jogo e vendo a forma como você se defendeu na hora, me preocupou e é por isso que eu tô aqui pra conversar com você, de homem branco pra homem branco”, ponderou o apresentador. “Eu vi sua defesa, Bastião e quando eu era mais novo no colégio, brincavam com meu cabelo. Meu cabelo também não é liso. As outras crianças lixavam o dedo brincando que era cabelo de lixa, escondiam lápis no meu cabelo e tal, mas isso nunca fez a menor diferença pra mim. Porque o meu cabelo, pra mim, assim como pra você, pro seu pai, pra sua tia, é um negócio que tá espetado no meu crânio não faz a menor diferença na minha vida”, explicou.
O apresentador afirmou, no entanto, que para João, Camila e várias outras pessoas, não é da mesma forma, pois existe toda uma história de luta por trás daquilo. “Um cabelo black power que é o cabelo do João não é um penteado, é mais que um penteado, é um símbolo de luta”, disse. “Até pouquíssimo tempo atrás, uma pessoa como o João, como a Cami, lá nos Estados Unidos, tô falando do país mais livre do mundo, tinha que levantar do banco pra um branco sentar. Não podia ir em um restaurante. Então historicamente, o cabelo do João foi associado a uma coisa errada, uma coisa suja, uma coisa feia. Não existia cosmético pra pele da Camilla, não existia nada pro cabelo do João. Até pouquíssimo tempo”, pontuou.
Tiago citou, inclusive, o aprendizado que teve a respeito por parte do ex-bbb Babu. “É por isso que quando a gente faz um comentário sobre o cabelo do João, a gente não tá falando de penteado que é o que você achou que você tava fazendo. Como você encararia, e eu como homem branco por muitos anos encarei. Você tá falando de um símbolo. Você tá falando do que o João é, do que o João sente, do que o João viveu na pele dele, da história do João, da ancestralidade do João. Tem muito ali. ‘O black é a coroa’. E isso não sou eu que tô falando. Quem me ensinou isso é um cara que eu tenho um amor profundo. O nome dele é Alexandre Santana, mas vocês devem conhecer pelo apelido, um apelido racista. Babu, que vem de babuíno, vem de macaco. Mas o Babu pegou o apelido. Na primeira vez que chamaram de babuíno, ele quebrou a cara de todo mundo na porrada… Mas depois ele falou: ‘Quer saber, eu vou usar o Babu também como símbolo de resistência. Eu vou usar meu nome artístico Babu’”, ponderou.
Rodolffo chegou a comentar no dia anterior que o cabelo de seu pai é, inclusive, parecido com o de João Luiz e Leifert citou a semelhança. “Eu vi a foto do seu pai, seu Juarez, aliás um beijo pra ele. Realmente, é muito parecido com o João. Pra ele também significava outra coisa”, afirmou. “Mas isso não muda a dor do João. A dor do João é legítima e eu sei que nesse momento eu devo tá sendo trucidado na internet. Porque chega um momento aqui que ou você bota fogo no Rodolffo ou você acha o João mimimi vitimista. E eu não consigo ser uma coisa nem outra. Eu não vejo maldade no que você fez e ao mesmo tempo legitimo a dor do João”, completou.
“Porque tem milhares de meninos e meninas pretos e pretas que sentem a dor que o João sentiu. E a dor que o João sentiu não discerne entre um comentário ingênuo e um comentário maldoso”, continuou o apresentador, com a ressalva de que toda a população deve se informar, para não cometer esse tipo de erro, comum, que causa tamanha dor em diversas pessoas, o tempo todo: “Nós, a gente tem acesso, você é um artista. Eu sou jornalista. É nossa obrigação ir atrás desse tipo de informação e não cometer esse tipo de erro mesmo que seja sem querer”.