O histórico pró-ciência que o governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) adotou durante a pandemia pode lhe render o voto de eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, adversário histórico a nível nacional. Essa dicotomia do voto é avaliada pelo presidente do Instituto Verus, Luiz Felipe Gabriel em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás.
Gabriel avalia que trata-se de um perfil de eleitor que não gosta da forma como o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL) conduz a administração federal e vê no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma alternativa. “Ele está votando no Lula para ter um governo federal mais tranquilo, digamos, sem ameaça de golpe, etc.”, pontua. Mas ao mesmo tempo, vê em Caiado um político moderado que prezou pela razão e ciência durante a pandemia.
“Esse eleitor vai de Caiado. Ele não quer ruptura, ele não quer confusão e o Caiado se posicionou muito fortemente em função da razão e da ciência na pandemia lá atrás. Isso foi marcante. Então, independente dele ser centro e de direita e apoiar Bolsonaro, ele enquanto pessoa e governante, as pessoas que entre uma situação de ciência que tem a ver com esse eleitor dos 40%. Essa é uma tese que tende a prevalecer”, pontua. Gabriel fazendo referência ao percentual de votos que Lula deverá ter em Goiás (40%).
Gabriel destaca que o ex-governador Marconi Perillo dificilmente levará voto de esquerdistas, por isso, os caminhos para a reeleição do governador Ronaldo Caiado está tranquilo – com voto de anti-bolsonaristas, mesmo Caiado apoiando o atual presidente da República. “Uma candidatura do Marconi, tem alguma coisa a ver com a esquerda? Nada. O PSDB veio como um partido de centro. Mas ao centro do que era o MDB na época [da fundação]. Descolou para uma posição maior de equilíbrio. A candidatura do Marconi está no mesmo bolo”, pondera fazendo referência que o tucano está no mesmo grupo que disputará votos com o ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha (Patriota) e Major Vitor Hugo (PL).
Polarização entre Major Vitor Hugo e Ronaldo Caiado
Para Gabriel, as pré-candidaturas de Marconi Perillo – caso ela se confirme – e do ex-prefeito de Aparecida, Gustavo Mendanha, deverão ir perdendo fôlego à medida que o período eleitoral avança. Na contramão, o pré-candidato do presidente da República, Jair Bolsonaro, Major Vitor Hugo tende a crescer e na opinião do especialista caminhará será o nome que polarizará a disputa com o governador Ronaldo Caiado.
“Ele é o coringa da eleição”, crava Gabriel sobre Major Vitor Hugo. “Como o eleitor do Bolsonaro está mais energizado e instrumentalizado, tá na rua mordendo. Buscando convencer o eleitorado. Esse eleitorado vai estar votando no Major Vitor Hugo. Esse núcleo mais forte do Bolsonaro que eu diria que é 10%, 15% da população. Ele não tem como ter menos de 15%, esquece. E em Goiás, o desempenho de Bolsonaro é melhor do que o nacional, está acima da média”, explica.
Felipe pondera que o candidato de Bolsonaro deverá ganhar força gradativamente. “O Major Vitor Hugo vai subir e eu não sei onde ele vai parar. Com isso, eu acho que tendem a desaparecer as candidaturas. Eu acho que a polarização vai ser entre Major Vitor Hugo e Caiado. O bolsonarista mais radical vai xingar o Caiado que nem ja xingou, mas o Caiado politicamente é aliado de Bolsonaro, não de Lula. Ele está numa situação estranhamente confortável”, contextualiza. Aqui, Gabriel volta a ponderar sobre o apoio do eleitor de Lula ao governador Ronaldo Caiado, para explicar a ‘estranha e confortável’ situação que o democrata está inserido.
“O eleitor do Lula vai acompanhar o Caiado porque está apresentando uma série de ideias concebidas de mundo que o Caiado está numa posição mais alinhada com o que deseja e se pensa do eleitor anti-bolsonaro. Não estou falando do lulista, estou falando do eleitor anti-bolsonaro. O Caiado atende ele em boa parte, independente dele ser aliado ao Bolsonaro. E ao mesmo tempo, o eleitor radical do Bolsonaro que já não vota no Caiado ele vai se expandir em cima na base dos outros candidatos. Então por exemplo: se tiver Marconi e Gustavo acho que a tendência é que eles se desidratem no processo. É o que a gente está vendo em todo o lugar: polarização, polarização, polarização”, completa.
Veja a entrevista na íntegra no canal do Diário de Goiás no Youtube: