Há pouco mais de um ano e meio antes do período das eleições municipais em 2024, Senador Canedo já vive, nos bastidores da política, articulações de grupos que tentam fazer frente ao atual prefeito Fernando Pellozo (PSD) que se não ocorrer um tsunami, irá concorrer à reeleição. Pelo menos quatro grupos tentam viabilizar seus nomes para a disputa.
A pré-campanha teve ares de antecipação com o “rompimento oficial” entre o vice-prefeito de Senador Canedo, Magno Silvestre (PSD) e com Pellozo (PSD) na última semana. A sensação nos bastidores canadenses é que a ação do empresário foi o pontapé inicial para a pré-campanha, fazendo inclusive, outros candidatos começassem a fazerem suas movimentações.
Magno é irmão do presidente da Câmara dos Vereadores, Carpegiane Silvestre (Patriota) e foi às redes sociais cobrar investimentos em saúde prometidos por Fernando Pellozo e tem feito críticas à atual gestão por meio de entrevistas a jornalistas. Ao Diário de Goiás, Magno confirma o rompimento. “Não quero mais relacionamento político e nem compartilhar projetos futuros com ele”.
Magno cita a própria saúde do município como um dos motivos para o rompimento. “O Fernando prometeu na campanha que melhoraria o serviço e o que a gente está vendo é só propaganda”, destaca. “Ele também virou as costas para aqueles que o ajudaram a ser eleito”, pontuou.
Outro fator que contribuiu para o rompimento definitivo foi o que ele chamou de “trama de golpe” por vereadores ligados ao prefeito Fernando Pellozo. De acordo com Magno, parlamentares governistas tentaram tirar Carpegiane da presidência da Câmara dos Vereadores por meio de manobras. O chefe do legislativo conseguiu recursos na Justiça e se mantém no cargo.
O vice-prefeito avalia que ainda há muito tempo até que os grupos políticos do município definam suas respectivas candidaturas e quem baterá o martelo com relação as cabeças de chapa será a população canedense. “Vamos avaliar e colocar nossos nomes à disposição. As pesquisas vão ajudar a escolher quem sairá candidato”, pontua.
Atualmente no mesmo partido que Pellozo, Magno está de saída do PSD e destaca que ainda neste primeiro semestre anunciará sua nova legenda. Ele diz que vai para um lugar onde possa fortalecer a oposição e trabalhar o futuro em 2024. O Patriota, partido de seu irmão, é um possível caminho.
Carpegiane Silvestre viu nas eleições para deputado estadual em 2022, combustível para encarar voos maiores. Ao Diário de Goiás, ele confirmou que se tiver viabilidade política e condições para disputar o pleito, irá trabalhar numa candidatura à Prefeitura em 2024. “Fui muito bem votado agora nas últimas eleições para deputado. Acredito que eles veem em mim um perigo, uma ameaça ao grupo e ao Fernando. Sou bastante querido pelos canedenses”, destacou em entrevista concedida no mês passado.
Bancado pelo Podemos, o ex-secretário de Saúde de Senador Canedo na gestão Divino Lemes (hoje no PDT), Thiago Moura tenta construir sua pré-candidatura. Ele conta que tem o apoio da cúpula do partido, incluindo o presidente estadual da sigla, Eurípedes do Carmo e o deputado federal Glaustin da Fokus.
Sua última experiência pública foi frente à Saúde de Anicuns, onde saiu em dezembro do ano passado para começar a construir sua pré-candidatura. Ele aposta que sua administração frente a pasta canedense durante a gestão de Divino Lemes pode lhe render eleitorado. “Conseguimos fazer uma boa gestão da saúde durante a pandemia, alcançando índices positivos para o município. Tenho certeza que meu trabalho fez a diferença no momento crítico que passamos durante o surto”, destaca.
Apesar de ter boa relação com Divino Lemes, Thiago afirma que não há compromisso político um com o outro. Ele também afirma não abrir mão de encabeçar a chapa majoritária que disputou as eleições. “Desde o primeiro dia de 2021 venho fazendo oposição na cidade.”, pontua.
Thiago destaca que o rompimento de Magno e Carpegiane Silvestre com Fernando Pellozo trata-se de “uma briga política dentro de um mesmo grupo”. “É uma turma da situação que se desentendeu agora mas possuem o mesmo pensamento e forma de governar. Eu tenho feito oposição ao Pellozo desde o primeiro dia dessa gestão. Vou construir uma candidatura totalmente oposicionista”, destaca.
Na esteira da oposição, o jornalista e empresário Alexandre Braga conta com apoio do MDB para uma alternativa a gestão Fernando Pellozo. Ao Diário de Goiás, ele diz que a cidade está atrasada em relação a outras da Região Metropolitana. Cita o exemplo de Aparecida de Goiânia, inclusive onde busca inspiração a partir da gestão tocada por Maguito Vilela e também na capital, por Iris Rezende.
“Nós queremos implantar em Senador Canedo o modelo de gestão que o Maguito implantou em Aparecida e que o Iris em Goiânia. No último mandato, ele saiu com mais 80% de aprovação. Será esse modelo de gestão que vamos implantar o modelo caso o povo escolha nosso projeto. Queremos mudar a cara de Senador Canedo e fazer uma gestão arrojada com a marca emedebista para melhorar a cidade”, destaca.
Ele avalia que as múltiplas candidaturas que surgem com mais de um ano e meio de distância do pleito é justamente consequência da má administração que Pellozo vem fazendo. “A pré-candidatura é fruto da insatisfação popular com os dois grupos que se revezam no poder há mais de 30 anos. O pessoal está no poder e não conseguem resolver uma coisa básica que é a falta de água”, aponta.
Braga quer, então, colocar Senador Canedo no mesmo “porte” que hoje Aparecida de Goiânia está. “Estamos trabalhando essa pré-candidatura para mudar e resolver essas coisas básicas além de dar um novo rumo para Senador Canedo que era para estar do porte de Aparecida de Goiânia. Senador Canedo tem 130 mil habitantes e tem uma arrecadação extraordinária que não está voltando ao povo”, avalia.
De acordo com informações dos bastidores canedenses, o ex-prefeito da cidade Misael Oliveira vê o nome da esposa Eliete Oliveira, ambos do PDT, que atualmente ocupa o cargo de presidente do Instituto de Assistência dos Servidores de Senador Canedo.
Divino Lemes, que tocou a prefeitura entre 2017 e 2020, diz ao Diário de Goiás que está observando e acompanhando os bastidores do cenário político em Senador Canedo, mas não bateu o martelo se disputará um novo pleito, seja como candidato ou cabo eleitoral. Diz ter boa relação com todos os que estão com todos os eventuais pré-candidatos.
Vanderlan Cardoso no centro do debate
Bastidores da disputa em Senador Canedo apontam que o ex-prefeito do município e senador da República, Vanderlan Cardoso (PSD) terá participação central no debate. Se há uma Senador Canedo antes e depois de Vanderlan, o nome do senador ainda reverbera na cidade. Há quem aposte que quem quer que seja o candidato apoiado por ele, levará o pleito. E não há porque não ser Fernando Pellozo.
Mas se Fernando Pellozo desistir de ir para a reeleição, o que é praticamente impossível, Vanderlan Cardoso pode apostar em lançar sua esposa Izaura Cardoso. Até as eleições em 2022 a ex-primeira-dama relutava em entrar na política, mas o cenário mudou depois que topou entrar na suplência do empresário e senador Wilder Morais (PL).