A deputada estadual Dra. Zeli (União Brasil) apresentou, durante a sessão ordinária desta quarta-feira (30), na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), um projeto de lei que prevê a realização de exames toxicológicos na contratação de servidores da rede pública de ensino e, também, para aqueles que já atuam na área da Educação.
Em entrevista ao editor do Diário de Goiás, Altair Tavares, a parlamentar defendeu a propositura. “Acho importantíssimo esse projeto. Se, para tirar uma carteira como motorista, exigem esse exame, por que não na rede pública, onde é a definição do futuro dos jovens? Então, será obrigatório para admissão dos que forem contratados ou passarem no concurso. E os que já estão, terão 180 dias para entregar o resultado desse exame”, afirmou.
De acordo com o projeto, os exames terão de ser feitos periodicamente. Dra. Zeli crê que a medida, embora possa não ter a simpatia dos professores, será bem aceita pelos pais dos alunos.
Pode ter certeza que pode não ser um projeto simpático na área da Educação. Mas os pais, com certeza, vão aplaudir esse projeto.
Questionada se o uso de drogas seria um problema maior entre professores ou entre os alunos, Zeli colocou ambos no mesmo patamar.
“Os dois são problemas. Mas, uma vez, você não estando envolvido com a droga e tendo professores que também não estão envolvidos, eu acho que facilita muito mais. Porque é impressionante como as pessoas se identificam. Um drogado identifica outro que se droga. É sempre assim”, argumentou.
Algumas questões relacionadas ao projeto, porém, ainda não não tem uma clara definição. Em caso de admissão, a deputada afirma que, caso o resultado do exame toxicológico seja positivo, o profissional não será admitido. Entretanto, caso professores que já atuem tenham resultados positivos em exames periódicos, não há ainda previsão de medida a ser tomada, de acordo com a parlamentar.
“Aí vamos ver o que vai acontecer com ele. Não prevê demissão. Mas é algo para se acrescentar, com certeza”, concluiu Dra. Zeli.
Representante do segmento da Educação na Alego, a deputada estadual Bia de Lima (PT) declarou ser importante o zelo com a saúde, mas acredita que o projeto apresentado pela Dra. Zeli é uma maneira de criar constrangimento à classe dos professores.
Eu acho que todo o zelo com a saúde das pessoas é importante. Agora no sentido exclusivo do pessoal da Educação, não. Nós queremos que as mesmas questões sejam colocadas também para a segurança pública, para as outras categorias. Mas esse tipo de segregação, de intimidação, de mecanismos que possam criar constrangimento para os professores é inadmissível.
Para Bia, se tal medida for adotada, ela precisará se estender a outras classes profissionais. “Eu me surpreendo com esta proposta, porque nós precisamos também fazer a mesma coisa com os médicos, com os odontólogos, com todas as carreiras e categorias. É lógico que hoje, a questão do uso de drogas, infelizmente, está uma coisa banalizada em todos os cenários. Nós estamos vendo aí os motoristas muitas vezes dirigindo as custas de droga para mantê-los acordados. E quantos médicos não fazem uso excessivo de medicamentos que deixam, às vezes, fora do sentido normal?”, indagou.
“Tudo o que nós buscarmos para zelar pela saúde, pela valorização, eu estou a favor. Mas algo que coloca de forma intimidatória, em constrangimento, nós não vamos aceitar nem na Educação e em nenhum lugar. Então, não é possível só colocar Educação como sendo uma proposta nessa linha. Eu acho inadmissível”, enfatizou a deputada.
Bia de Lima citou outros aspectos que, em seu ponto de vista, mereceriam maior atenção dos parlamentares.
“Eu gostaria tanto que os deputados aqui dessa casa se preocupassem com o salário dos professores, que efetivamente não estão dando conta de sequer comprar os remédios para manterem a sua saúde. Eu acho que esse não é o caminho. Quero lutar e vou pedir a deputada para somar esforços comigo no sentido de viabilizar um novo plano de carreira. Acho que é mais viável isso. Acho que inclusive resolve mais as questões de Saúde e da Educação”, finalizou.