Um ser humano generoso, extraordinário e íntegro. São esses os termos que Maria Fernanda Cândido, 43, utiliza para lembrar a memória do amigo Domingos Montagner, que morreu há um ano durante as gravações da novela “Velho Chico” (Globo).
“Às vezes, nosso ofício nos proporciona a sorte de encontros profundos. Assim foi com Domingos. Criamos um laço de amizade muito bonito”, diz a atriz, em entrevista ao “F5”, da Folha de S.Paulo.
Cândido e Montagner foram o casal protagonista da minissérie “O Brado Retumbante”, que foi ao ar na Globo em 2012. Em 2013, o programa recebeu uma indicação ao prêmio Emmy Internacional de melhor série dramática.
O clima no set, segundo a atriz, era sempre de muita confiança e liberdade. “Ele era um ser humano extraordinário, uma pessoa íntegra. Não era deslumbrado com nada, tinha os pés no chão e valorizava o que era de fato importante”, afirma.
A atriz afirmou que uma das lembranças mais marcantes que tem do amigo é uma cena que ele fazia no Circo Zanni, composto por um grupo de artistas oriundos de diversas gerações de escolas de circo, seguidores de seus mestres e de sua arte. Montagner era responsável pela direção artística.
“Era uma cena em que ele tocava Claire de Lune, usando copos para produzir as notas musicais. Era uma beleza. Aquela figura máscula, forte, tocando um som tão suave. Domingos era assim, a força e a delicadeza juntas.”
Domingos Montagner morreu afogado nas águas do rio São Francisco, na cidade de Canindé do São Francisco (SE), em 15 de setembro de 2016.
Marcelo Serrado, que ajudou nas buscas ao colega, também conversou com a reportagem. “É uma coisa muito louca. A vida é um sopro”, disse.
Santo, personagem de Montagner em “Velho Chico”, marcou a 12ª participação de Montagner na televisão, que apresentou o ator no seriado “Mothern” (GNT), em 2008.
Em 2011, recebeu seu primeiro papel em uma novela, já com destaque, como o cangaceiro Herculano em “Cordel Encantado” (Globo). Depois, transformou-se em rosto recorrente na emissora, atuando em títulos como “Salve Jorge” (2012) e “Sete Vidas” (2015).
Ele estreou nos cinemas em 2012, fazendo uma participação no longa “Gonzaga – de Pai Pra Filho”.
O ator, no entanto, fazia questão de se afirmar palhaço. Começou a carreira estudando com a atriz Myriam Muniz e, em seguida, no Circo Escola Picadeiro. Foi lá que conheceu Fernando Sampaio, com quem criou o grupo La Mínima, em 1997. (Folhapress)
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