A crise europeia continuou a ditar o rumo no mercado de câmbio nesta terça-feira, 15. Desde segunda-feira a moeda testava o patamar de R$ 2, o que acabou ocorrendo neste pregão, após a divisa subir 0,65%. Em maio, o dólar já acumula uma valorização de 4,93% e no ano, de 7,01%.
Pela manhã, o que também contribuiu para a virada para cima da moeda foi a alta do Índice de Atividade Empire State em maio nos Estados Unidos, bem acima das expectativas dos analistas.
A aversão ao risco diante da instabilidade na Europa deve continuar a contribuir para a alta da divisa, na opinião de Mohamed El-Erian, executivo-chefe da Pacific Investment Management Co. (Pimco). El-Erian disse que os investidores que estão apostando em uma queda do dólar deveriam ser cautelosos, porque a moeda norte-americana poderá se fortalecer devido a um movimento de “fuga para a segurança” motivado pela crise europeia, pelo menos ao longo dos próximos 12 meses.
A Bovespa acumulou a sexta baixa seguida nesta terça. Após dia de forte oscilação, a bolsa paulista encerrou com queda de 2,26%, aos 56.237 pontos.
Analistas e investidores começam a considerar o patamar de R$ 2 como um novo ponto de equilíbrio para a moeda, dado o agravamento da crise internacional e diante da tranquilidade apregoada pelo governo. Aos poucos, diminuem as expectativas de eventuais intervenções do Banco Central ou do governo para manter o dólar abaixo dessa marca.
“A equipe econômica vai intervir sim, mas quando o dólar ameaçar a inflação e o projeto maior do governo, que é o juro baixo. Até lá, nada será feito”, avalia um experiente operador do mercado doméstico de câmbio. Para outro profissional, o BC pode atuar se perceber ações especulativas do mercado. “Pode entrar para desmontar eventuais excessos na especulação, como fez no final do ano passado, quando haviam rumores de que estava faltando dólar para exportação. Mas não acredito que intervenha simplesmente porque o dólar está acima de R$ 2,00″, disse.
A ideia de que o governo e o empresariado estão satisfeitos e tranquilos com o nível atual da taxa de câmbio foi reforçada, mais uma vez pelo ministro da Fazenda Guido Mantega. Em entrevista exclusiva à Agência Estado, Mantega afirmou que o contágio do câmbio na inflação doméstica (pass through) preocupa “um pouquinho”, mas ressaltou que é pequeno e que há uma queda de commodities que também influencia no sentido contrário. Ele acrescentou que a desvalorização do real é uma vantagem e negou que houvesse um teto de R$ 2,00 para dólar.
Mantega disse ainda que não acredita que o Banco Central vá intervir no câmbio e garantiu que ele e “a torcida do flamengo” estão satisfeitos com o patamar da moeda norte-americana. Para encerrar, o ministro reafirmou a política de câmbio flutuante.
(Agência Estado)