O tom da Mostra Competitiva oficial do Fica 2017 foi o documental. Através de imagens e sons que retratam recortes da realidade, o público que lotou o Cineteatro São Joaquim pôde viajar para locais distantes como a Terra do Fogo, no extremo sul da América, uma mina de ouro em Benim ou uma cidadezinha onde a depressão é cotidiana no interior do Brasil.
O único filme ficcional do dia se apropria da linguagem documental em uma paródia do gênero. Aprés le Volcán conta, em forma de pseudo documentário, a história de uma aldeia que se vê obrigada a viver numa floresta após um incêndio devastar suas casas. O modo com que os personagens falam, emulando a linguagem dos documentários é o ponto alto do filme.
Vindo da Rússia, o filme Strana Udeche fala sobre o dia a dia de uma nação indígena do extremo oriente da Rússia que vem diminuindo consideravelmente na última década. Extremos, o concorrente da Argentina, faz uma imersão vertiginosa na Terra do Fogo, com imagens belíssimas da região.
Ici, Personne ne Meurt é francês e retrata os sonhos e as desilusões de garimpeiros em Benim, na África, divididos entre o desejo de fortuna e a descoberta de que encontrar ouro pode não ser tão fácil. Já o mexicano El Buzo mostrar o cotidiano de um homem rã que vive de retirar lixos e resíduos nas bombas dos reservatórios da cidade.
Os concorrentes brasileiros da tarde mostram caminhos paralelos, mas opostos. Tarja Preta fala do adoecimento massivo na pequena cidade de Itacuruba, município com o maior índice de pessoas com depressão no Brasil. Já Contagem Regressiva fala do colapso da cidade símbolo do Brasil, defende que os megaeventos que o Rio de Janeiro sediou desencadearam uma onda de violência institucional e racismo na cidade maravilhosa.
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