O dia 27 de setembro é marcado como o Dia Nacional de Doação de Órgãos. A data destaca a generosidade de indivíduos que optam por salvar vidas por meio da doação. Em Goiás, o transplante de córnea é considerado um dos mais frequentes, representando cerca de 80% dos transplantes realizados.
Mesmo sendo um dos mais frequentes, a fila de espera para o transplante é grande. O tempo de espera segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), é de 13,2 meses, em média. Até maio deste ano, os dados do Conselho registravam 23.946 pessoas na fila de espera pelo transplante.
Ainda segundo o CBO, o incremento da fila de espera nos últimos anos, se deu pela Covid-19, período em que foi constatado a redução de doações e da realização de transplantes. Em 2020, auge da pandemia, a série histórica registrou o seu pior desempenho na década: 4.374 cirurgias. Em 2022, o Brasil voltou a realizar mais de sete mil transplantes ao ano, mas o número ainda está abaixo dos anos pré-pandemia.
Em entrevista ao Diário de Goiás, a oftalmologista Juliane Santos, reforçou sobre a importância da doação de órgãos e da conversa com os familiares e amigos sobre o assunto. “Existem pessoas, desde crianças, adolescentes, adultos, que não conseguem enxergar, que não conseguem fazer as suas atividades do dia a dia porque aguardam ainda uma córnea para fazer um transplante. Doar é realmente um ato de amor em relação ao próximo, que está passando por uma situação difícil e que vê a sua vida completamente transformada através de uma doação”, destacou a especialista.
A especialista explica que a córnea é uma lente que recobre a parte externa do olho. É também a lente mais forte e é através dela que a imagem entra no olho e vai até a retina. Portanto qualquer distorção ou opacidade na córnea causa grande perda de visão. E depois que a córnea é colhida, ela é passada por uma série de avaliações para verificar se ela é boa para ser transplantada. Ou seja, todos podem ser um doador em potencial.
Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. “Nesse paciente é feita uma série de exames para descartar diversas doenças que podem inviabilizar o uso dessa córnea, como por exemplo HIV, hepatite B, entre outras. E se for identificado essa corda, então não vai ser utilizada para transplante em um paciente que precisa, mas pode ser utilizada para fins de estudo”, conclui a oftalmologista.
Em relação aos critérios para saber quem vai receber a córnea que foi doada respeita uma lista do Banco de Olhos do Estado. Cada Estado tem seu próprio banco de olhos e o primeiro paciente da fila vai então receber essa córnea. Existem também aqueles pacientes que são considerados prioridades.
Atualmente existe uma lista de motivos pelos quais o paciente é considerado como prioridade. Entre eles um paciente que tem, por exemplo, uma perfuração ocular ou qualquer outra situação que pode levar a uma perda do olho ou da visão caso ele não seja transplantado imediatamente.
A lei de transplantes determina que a família será a responsável pela decisão final. Não se tem mais valor a informação de doador ou não doador de órgãos, registrada no documento de identidade. No caso de não familiares, a doação só acontece mediante autorização judicial.
Portanto, se faz necessário a comunicação com a família, deixando clara sua intenção de doar. Segundo o Ministério da Saúde, depois da confirmação da morte encefálica a família é entrevistada por uma equipe de profissionais, para informar sobre o processo de doação.
É certo que a morte de um ente querido é sempre uma situação delicada para a família, mas é justamente nesse momento em que o sofrimento pode ser transformado em um ato de esperança.