Deixar as raízes para estabelecer morada em outras terras não é uma decisão fácil. Muitas vezes, a coragem é motivada pela necessidade de buscar por novas oportunidades de vida. Todos os anos, centenas de migrantes do Nordeste chegam a Goiás com esse objetivo e, para celebrá-los, o estado instituiu o Dia do Nordestino em Goiás, comemorado neste domingo, 08 de outubro.
Foi assim com Rubens Berredo, natural de Bacaral, no Maranhão. O nordestino chegou em Goiânia em 2001, e desde então, criou vínculos com o estado que o acolheu. O professor e consultor empresarial também plantou suas raízes por aqui e até construiu ninho com uma goiana, com quem alçou voo do Maranhão para cá.
“Em 1997 conheci uma goiana e em 8 meses nos casamos. Resolvi mudar para Goiânia movido pelo amor à minha esposa e por enxergar uma oportunidade de iniciar uma carreira solo como consultor empresarial e instrutor em gestão e liderança”, relata Rubens. Em mais de 20 anos em terras goianas, o professor afirma que já se sente um local. “Hoje já sou um goiano de coração e aqui quero continuar dando a minha contribuição”, declara o nordestino.
Adotado pela cidade e pela cultura goiana, Rubens afirma que o que mais sente falta de sua terra é a culinária. “Sinto falta de baião de dois, feito com azeite de coco e feijão verde, acompanhado de peixe frito e cuxá”, confessa. Para além disso, a adaptação à nova cultura foi considerada tranquila. “Os goianos me receberam de braços abertos, tanto os familiares de minha esposa quanto o mercado de trabalho. Fiquei extremamente encantado com tanto amor, carinho e cuidado”, destaca Rubens.
A Lei Estadual nº 20.885, que homenageia o povo nordestino que veio para Goiás, e tanto auxiliam no crescimento do estado, foi promulgada em 2020. O Dia do Nordestino em Goiás completa três anos neste domingo (8). A data foi escolhida em celebração ao poeta e compositor cearense Antônio Gonçalves da Silva, autor da música “Luar do Sertão”.
Não há luar como o do sertão, mas Goiás acolhe de braços abertos mais de 100 mil nordestinos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2014, o Centro-Oeste foi a segunda região do país que mais recebeu migrantes, com cerca de 262 mil pessoas. Somente entre os anos de 2005 e 2010, o estado de Goiás ficou em segundo lugar nesse ranking, com 107.826 pessoas.
Para Rubens, o nordestino nasce com um diferencial. “Respeitando todos os outros estados, o que mais diferencia o povo nordestino é a força e a garra para lutar. A disposição para romper desafios é algo admirável”, pontua. É assim que tantos nordestinos, além de plantar suas raízes em terras goianas, também agregam e embelezam nossa região, somando cultura, força de trabalho e disposição para retribuir a receptividade. Deixar as raízes para trás se torna mais fácil quando há novas oportunidades para plantar.