Em clima de guerra, que já antecipa o que será a baixaria da sucessão de 2014, o PSDB elegeu no sábado a sua nova direção nacional. Aécio Neves, o cambaleante candidato tucano, conseguiu fechar acordos para garantir a presidência da sigla.
Em seu discurso, o senador mineiro fez duros ataques aos governos Lula e Dilma e bajulou o rejeitado reinado de FHC.
Já o governador de Goiás, Marconi Perillo, foi ainda mais duro – talvez para escapar das perguntas sobre os seus vínculos com o mafioso Carlinhos Cachoeira ou sobre as recentes denúncias da revista CartaCapital acerca da “central de grampos ilegais” implantada pelo seu governo no estado. Ele chamou o ex-presidente Lula de “o maior canalha desse país”. Haja canalhice!
Segundo relatos excitados do jornal Estadão, “Marconi Perillo (PSDB) chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ‘canalha’ ao se referir ao mensalão durante a convenção tucana que confirmou o senador Aécio Neves (MG) na direção do partido. ‘Nunca antes neste país foi tão difícil ser oposição ao maior canalha deste país’, afirmou em seu discurso.
Perillo usou o termo várias vezes, afirmando ter avisado Lula do esquema de pagamento de mesada a parlamentares em troca de apoio ao governo do Congresso Nacional… O governador ressaltou sua ‘solidariedade’ a Aécio na campanha de 2014 e pregou a união da sigla. ‘Vamos provar para o Brasil que somos capazes, que somos competentes, que temos espirito público, que sabemos administrar o dinheiro público’”.
O demo José Agripino, que tenta desesperadamente salvar a sua legenda do inferno, também participou da convenção e “disse se sentir em casa apoiando o PSDB” – ainda conforme o Estadão. Já o presidente do moribundo PPS, deputado Roberto Freire, surpreendeu os presentes ao afirmar que “podemos estar juntos de Aécio Neves, estivemos juntos lá em Minas e estaremos em 2014 sem nenhuma dúvida”.
Até a semana passada, o camaleônico parlamentar insinuava que seu novo partido, que ainda não saiu do papel, poderia apoiar o governador pernambucano Eduardo Campos. A abrupta mudança de posição de Roberto Freire pode indicar que o presidente nacional do PSB ainda vacila em ser candidato dissidente nas eleições de 2014. Daí a presença do oportunista do PPS na convenção do PSDB.
A raivosa retórica do sábado, porém, não convenceu nem a mídia direitista. A única empolgada até agora foi a colunista Cristiana Lôbo, que só teceu elogios à convenção do PSDB no seu comentário na Globo News. Mesmo na Folha, que abriga tantos jornalistas da “massa cheirosa” tucana, houve dúvidas sobre a linha política adotada pela legenda.
“Se o discurso de Aécio Neves ao ser sagrado presidente do PSDB servir de base para a retórica de sua provável candidatura presidencial no ano que vem, os tucanos estão em apuros”, opinou o jornalista Igor Gielow.
“No discurso distribuído, mas não lido, Aécio disse que ‘é preciso fazer diferente’, ‘é possível fazer melhor’. Só que faltou explicar como”. Ou seja: os tucanos continuam sem discurso e sem rumo, para o desespero da mídia. O jeito será apelar para as canalhices.