No segundo dia da audiência de instrução e julgamento de Carlos Cachoeira, a defesa dos réus mantém estratégia restrita com perguntas que visam a desqualificação das provas produzidas pela Polícia Federal. Durante o depoimento do terceiro agente, Renato Moreira Peixoto, as indagações são sobre os detalhes dos procedimentos utilizados nas investigações.
Renato Moreira, que exerce a função de analista do serviço de inteligência em Goiânia, afirmou que seu alvo investigativo era o Gleyb Ferreira da Cruz, não tendo conhecimento de conversas de Carlos Cachoeira. “Não ouvi todas as gravações do senhor Carlos Cachoeira, seria impossível. Ouvi apenas as que se relacionava como o senhor Gleyb, quem eu investigava.”
As declarações de desconhecimento das conversas de Cachoeira, incomodaram o próprio. O principal réu sinalizou negativamente com a cabeça durante o depoimento, chegando aparentar exaltação em alguns momentos, e chamou seu advogado na plateia para um diálogo rápido.
Os advogados de defesa se referem, em todo momento, aos relatórios da Polícia Federal como “deduções” de imagens e áudios, abrindo margem para equívocos pontuais por parte dos investigadores. “Quando vocês viam imagens de encontros entre os réus, como sabiam que tinham como objetivo uma negociação ilícia?” “Como podem garantir que as vozes captadas nas interceptações eram dos acusados?” “Como chegaram à conclusão de que os apelidos citados nas ligações referiam-se a este ou aquele réu?”
Questões simples, que não auxiliam na instrução do julgamento, mas que abrem espaço para protelação. Dora Cavalcante, advogada de Carlos Cachoeira, já solicitou o acesso a todas informações e ligações interceptadas. Segundo ela, são 213 pessoas envolvidas que não constam nos autos. “Queremos ter conhecimento de todo universo do processo. Estamos analisando uma parte restrita e selecionada pela própria Polícia Federal”, afirma.
Renato Moreira afirma que as conclusões foram óbvias, mas demonstra insegurança em várias respostas. Uma das expressões recorrentes no primeiro depoimento desta quarta-feira, 25, foi “provavelmente”. O agente garantiu que não tinha conhecimento sobre a Operação Vegas.
Sobre seu investigado, o depoente afirma que era “empregado de Cachoeira” e atuava como “elo de ligação entre o contraventor e o delegado Deuzelino Valadares”. “Não existe indícios de que Cachoeira tenha remunerado o delegado financeiramente, mas existem pedidos de empregos para uma sobrinha do Deuzelino”.