A campanha do deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) em sua declaração de bens nas eleições de 2022, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), teve indícios de omissão patrimonial por documentos, que revelam a existência de empresas registradas em seu nome com valores superiores ao declarado, levantando questionamentos sobre a transparência do processo eleitoral. A informação é do site Uol.
Ainda conforme divulgado pelo Uol, a plataforma Divulgacandcontas, responsável por disponibilizar publicamente as declarações de bens de candidatos, apresentou o até então empresário e candidato a deputado Gustavo Gayer como dono apenas de um automóvel modelo 2012 no valor de R$ 33 mil e quotas no curso Gayer & Gayer Idiomas Ltda, com capital social de R$ 10 mil. No entanto, documentos revelam um patrimônio muito maior.
Em seu perfil do Instagram, Gustavo Gayer oferece um link intitulado “Seja meu aluno”, que leva os usuários a um formulário para receber sua lista de transmissão. Os termos de privacidade desse formulário apontam a empresa “Academia Gayer Ltda.” como responsável titular do site.
Surpreendentemente, a empresa foi registrada em Goiânia, reduto eleitoral do deputado, e compartilha o mesmo endereço e CEP do seu escritório de apoio, uma casa localizada em uma área nobre da cidade que, de acordo com registros do Google Street View, era anteriormente utilizada para seu curso de idiomas. O registro na junta comercial foi feito em julho de 2022, pouco mais de um mês antes do encerramento do prazo para o cadastro de candidatos nas eleições.
A empresa em questão tem dois sócios: Gustavo Gayer e Raphael Reis de Almeida, e seu capital social é de R$ 100 mil, mais do que o dobro do valor declarado pelo deputado quando registrou sua candidatura. Além disso, o contato registrado é um endereço de e-mail atribuído de “Gustavo”.
Outra empresa que chama a atenção é a “Gayer Comunicação Ltda.”, com registro datado de março de 2021. Nesse caso, Gayer consta como único sócio, e sua atividade são descrita como “estúdios cinematográficos”, com um capital social de R$ 10 mil.
A declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é uma exigência legal que deve ser atendida pelos próprios candidatos. A justiça eleitoral, contudo, presume a boa-fé das certidões apresentadas, deixando a responsabilização criminal por fraude intencional a cargo de acionamentos de terceiros. Esse cenário abre margem para que alguns candidatos declarem um patrimônio inferior ao que possuem de fato.
O gabinete do deputado Gustavo Gayer, foi questionado sobre os motivos da omissão das duas empresas em sua declaração de bens para as eleições de 2022 ao TSE. Até o momento, não houve uma resposta. Essas revelações lançam luz sobre possíveis inconsistências na declaração de patrimônio do parlamentar durante sua campanha eleitoral, levantando questões sobre a transparência e integridade do processo democrático.
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