O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), depõe na manhã desta terça-feira, 12, na CPI Mista do Cachoeira. O foco do depoimento será a explicação sobre a venda de uma casa em Goiânia, mesmo imóvel onde o contraventor Carlinhos Cachoeira foi preso, em fevereiro deste ano. Confira os principais momentos!
10h30 – Marconi Perillo inicia seu depoimento cumprimentando os presentes e reafirmando seu respeito pelo Parlamento. “Venho, voluntariamente, esclarecer as informações distorcidas que estão sendo divulgados. Trago aqui a verdade dos fatos”.
10h36 – O governador tucano apresenta sua biografia política e ressalta o crescimento de Goiás durante sua administração. “Colocamos nosso Estado entre os nove maiores do país e o sétimo mais competitivo atualmente. Fomos o quinto maior gerador de empregos do Brasil. Falo isso para ressaltar as conquistas que evidenciam meu esforço como governador de Goiás. Lutei pela democracia brasileira, pela livre manifestação do pensamento e hoje trabalho de maneira republicana, com muito respeito a nossa presidente da República.”
10h40 – Marconi se compara com Jk e João Goulart, e se diz vítima de uma grande injustiça, com ataques mentirosos e sem limites, que se manifesta de forma dura e sorrateira. “Às vezes não consigo imaginar porque tamanha crueldade contra minha pessoa que sempre trabalhou pela liberdade de imprensa. Alguns profissionais de imprensa estão divulgando informações deturpadas, com exageros. A honra de diversos homens públicos ficou manchada por erros como este. Mais que meu patrimônio moral, defendo aqui, o orgulho de ser goiano. Se eu não tivesse vindo à CPMI, esclarecer aos brasileiros que sempre confiaram em mim, eu preferiria abandonar a vida pública. Não posso aceitar, como governador, discriminações que possam pequenar meu Estado. Como já afirmei, nunca me relacionei com atividades irregulares, com a contravenção”.
10h48 – “Em três anos de gravações, consta apenas uma ligação minha para o senhor Carlos Cachoeira para parabenizar pelo seu aniversário. Reafirmo, nunca mantive relacionamento de proximidade com o senhor Carlos Augusto, apesar de seu livre trânsito no Estado. Ele nunca teve influência sobre o meu governo. Como poderia influenciar, em três anos, com apenas uma ligação? Quando liguei, em seu aniversário, não estava telefonando para um contraventor, mas para um grande empresário goiano”.
10h51 – “Não posso me responsabilizar por conversas irresponsáveis em que citaram meu nome”. O governador faz uma pausa apresentando grande nervosismo em sua expressão. Respira fundo e continua o discurso.
11h00 – Governador fala sobre o processo que levou ao contrato com as empresas Delta e Gerplan. “Em minha gestão, nos associamos ao Ministério Público para a realização de ações em combate aos jogos de azar. Apreensão de máquinas caça-níqueis cresceu 136% no meu governo. Uma das gravações divulgadas atesta a rigidez de minha administração, quando Carlos Cachoeira reclama do combate aos jogos ilícitos. Sabem como estou me sentido? Estou segurando para não chorar. Estou me sentindo como um bandido. Basta olhar para minha administração para verificarem as contradições que são evidentes”.
11h07 – Marconi fala que o Estado rompeu os contratos com a Delta de forma amigável e com prudência, com cuidado necessário para não atrapalhar o funcionamento policial, que dependia dos carros alugados da empresa. “Eu desafio a fazerem uma auditoria para verificarem que não existem irregularidades, não existe propina na minha administração. O senhor Carlos Cachoeira nunca indicou ninguém para ocupar cargos públicos. O único citado por ele que conseguiu um cargo de gerência, conquistou por mérito próprio. Por ter sido aprovado no processo seletivo da meritocracia”.
11h13 – “Eu nunca tive conhecimento do relacionamento entre minha chefe de gabinete com o contraventor Carlos Cachoeira. Só depois tive conhecimento que era um relacionamento familiar. O senhor Edivaldo Cardoso nunca me apresentou qualquer pedido de interesses ou de favorecimento a qualquer pessoa. Tenho certeza que ele nunca promoveu ou apoiou qualquer ato irregular. Ele apenas me convidou, uma vez, para um jantar com Cachoeira, como representante de uma grande empresa na área farmacêutica”.
11h18 – Marconi entra no polêmico assunto da venda da casa. “Se eu soubesse que a venda desta casa geraria tamanho desconforto, teria continuado a morar nela”. Governador entrega a escritura da venda do imóvel.
11h22 – O tucano descreve como se deu o processo e explica que tinha pressa para receber o valor, pois necessitava de uma casa maior. Diz que recebeu os três cheques com remetentes desconhecidos. Em sua versão, a confusão em torno do duplo pagamento é explicada por uma dupla venda. “Vendi para Wladimir Garcez que vendeu, logo em seguida, para o senhor Walter Paulo sem ganhar nada com a venda. Portanto, eu recebi o pagamento e só agora, após o depoimento do senhor Wladimir teria usado empréstimo de terceiros, com seus patrões. Eu apenas vendi, não era obrigado a saber de onde viam os recursos”. Eis uma nova versão. A quinta!
11h31 – O líder do Executivo goiano reafirma que não existem sustentações para quaisquer irregularidades na venda do imóvel. “Venho repetindo sempre a mesma explicação. Ela é única, verdadeira. Vendi um bem próprio, pessoal, atendendo todos os quesitos legais. Enquanto muitos fazem ações ilegais, são corruptos, governam com propinas, eu, em Goiás, sou acusado por vender minha casa”. Marconi entrega um documento com as versões apresentadas por Wladimir Garcez e Walter Paulo. “São as mesmas. Todas batem”.
11h34 – Sobre os benefícios direcionados á faculdade do senhor Walter Paulo: “Criei um programa para beneficiar estudantes pobres do meu Estado, em 1999. De lá até hoje, milhares de estudantes ganham este benefício. Pasmem!” Marconi entrega a Lei que diz respeito ao benefício. “Em meus três mandatos, nunca aceitei qualquer interferência irregular. Nunca priorizei um ou outro por interesse”. Entrega outro documento com auditoria realizada no programa. Acaba aqui a explicação sobre o bolsa universitária.
11h42 – “Nunca realizei qualquer apuração financeira com o contraventor, para o pagamento ao jornalista Luiz Carlos Bordoni. Todo o repasse foi feito conforme permite a Justiça Eleitoral. Está aqui a nota fiscal”. Só.
11h45 – “Tenho a consciência absolutamente tranqüila. Meus patrimônios são compatíveis ao meu trabalho e a minha renda. Agradeço a oportunidade de estar aqui, com a graça de Deus. Obrigado”, finaliza o discurso prévio.
11h51 – Marconi diz desconhecer todas as indagações feitas pelo relator Odair Cunha (PT-MG). Nega ter visitado, quem qualquer ocasião, o contraventor. O relator pergunta sobre aprovação da lei que facilita os jogos de azar em Goiás. Marconi demonstra preparo para o questionamento e realiza a leitura do texto previamente elaborado, mas não explica muito. Diz que quando aprovou, sequer conhecia Carlos Cachoeira.
12h00 – Odair Cunha questiona a influência de Cachoeira sobre a cúpula da polícia militar do Estado. Marconi nega qualquer influência, mesmo tendo sido evidenciado o esquema de parceria que levou, inclusive, à prisão de vários representantes deste setor, em fevereiro dente ano, na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O governador enfatiza que todos serão devidamente punidos e diz que os presos na operação foram indicações pessoais da cúpula e não contratados pelo Estado.
12h04 – Marconi relembra as denúncias do deputado Major Araújo sobre as promoções no governo passado e não explica as denúncias contra sua administração. Apenas repete que sempre trabalhou no combate aos jogos de azar.
12h08 – Carlos Cachoeira vai de amigo a inimigo no depoimento de Perillo. “As gravações demonstra eles me ofendendo verbalmente. Esses diálogos foram irresponsáveis, de extremo mau gosto”.
12h10 – A meritocracia, assim como a paciência, vai ficando no passado. Marconi afirma que a indicação de Edivaldo Cardoso foi pessoal. “Eu indiquei porque ele é presidente de um partido que foi fundamental para minha eleição quando ninguém estava do meu lado”.
12h20 – Odair Cunha lê denúncia anônima encaminhada ao governo de Goiás sobre a interferência de Cachoeira no Detran do Estado. O governador afirmou desconhecer o teor da denúncia, mas que buscaria informações sobre o encaminhamento que foi dado. “Todas as denúncias que chegam ao meu gabinente são imediatamente encaminhadas à Controladoria-Geral do Estado”, assegurou.
12h25 – “Demóstenes nunca tratou comigo nenhum assunto relacionado ao Carlos Cachoeira. No jantar, em que estivemos juntos, além de culinária e temas do tipo, falamos sobre a possível candidatura do senador à prefeitura de Goiânia”.
12h28 – Marconi diz que Eliane Pinheiro viajou por todo Estado na campanha eleitoral, realizando um trabalho de precurssão. “Ela sempre contribuiu muito com minha administração, mas nunca disse que mantinha qualquer relacionamento com o contraventor. Ela é quem deve responder à Polícia Federal sobre seu envolvimento”. O governador joga Eliane e Edivaldo Cardoso à CPMI.
12h33 – Governador empurra mais um para Comissão: Ronald Bica. “Ele é quem deve explicar seu relacionamento com a contraventor. Eu não tinha conhecimento de nada e sempre achei que suas decisões eram sérias. Não tenho elementos para questionar sua conduta”.
12h37 – Perillo diz que o secretário de Indústria e Comércio não recebe propina. “Duvido desta informação. O patrimônio do Alexandre Baldy e sua família deve ser, aproximadamente, 20 vezes maior que o do senhor Carlos Cachoeira”. Para um conhecido distante, o governador demonstra grande conhecimento sobre a vida financeira do contraventor.
12h44 – O governador dos desafios. Marconi volta a desafiar os parlamentares a investigarem sua administração. “Não existem irregularidades”, ressalta em tom superior.
12h51 – O tucano sobre denúncias de Bordoni: “Cabe ao acusador o ônus da prova. Já estou movendo o processo de calúnia e difamação contra minha pessoa. São acusações mentirosas. Ele terá oportunidade de esclarecer estes fatos aqui e na Justiça”.
12h54 – “Exonerei todos os assessores que pretendem disputar o pleito eleitoral de 2012. O senhor Lúcio Fiuza foi exonerado na semana passada por vontade própria. Ele pretende descansar. Não tem nada haver com a Operação Monte Carlo”.
12h57 – “Bordoni é uma figura muito controvérisa”, classifica o governador. No entanto, toda a descrição feita pelo jornalista, referente ao ambiente, foi confirmado pelo tucano, que riu e se envermelhou quando o relator narrava as acusações de Luiz Carlos Bornodi. Vengonha?
13h08 – “Eu já disse que não vendi a casa ao senhor Carlos Cachoeira. Se alguem revendeu esta casa e ganhou algum dinheiro nas minhas costas, este alguem é quem deve explicar, não eu”.
13h15 – Mídia expontânea. Olha a força do coração do Brasil! Marconi aproveita espaço no horário nobre da CPMI para divulgar ações de sua administração. “Superei as dívidas e vamos ingaugurar, até o fim do ano, centenas de quilômetros de rodovias”, divulga o governador.
13h44 – Marconi responde as perguntas dos deputados e insiste no discurso de não conhecer muito bem Carlinhos Cachoeira. Até aqui, porém, o governador já admitiu três encontros.
13h48 – Deputado Felipe Pereira compara o discurso de Marconi Perillo com o do ex-presidente Lula, assim como relaciona o caso Cachoeira com o caso Mensalão. Parâmetro consegue, finalmente, tirar Marconi de sua zona de conforto.
13h51 – Marconi rebate afirmativas do deputado Felipe Pereira e rechaça qualquer suspeita de corrupção em seu governo.
14h00 – Governador explica aquisição de seus patrimônios. Diz que comprou uma série de terras com objetivo expeculação imobiliária. “Fiz negócios com pessoas com quem tenho relacionamentos pessoais. Quero enfatizar que a área que possuo é pequenta, em relação ao território do Estado de Goiás”. Se fosse governador do Amazonas…
14h20 – Senador Randolph Rodrigues narra o trecho do telefonema em que o governador Perillo e Cachoeira conversam e marcam um encontro. O senador quer saber se esse encontro ocorreu e o que foi tratado nele. “Nesse telefonema, apenas confirmei a conversa que já tinha tido com Edvaldo (que marcou o encontro)”, disse o governador explicando se tratar de um jantar em que trataram, entre outros assuntos, da empresa do ramo de medicamento.
14h26 – O senador insiste na leitura de diálogos em que se tem a impressão de que Cachoeira tenta interferir em obras públicas em Goiás. “Essas irritações (que os interlocutores aparentam ter nos diálogos) todas se dão por isso (pelo governo não ter cedido a pressões). Todas as nossas obras são licitadas em concorrências duríssimas. Não existe acordo de empreiteira no meu governo. Essa suposta obra não existe. Pode ter havido algum tipo de interesse, mas não existe (essa obra). Não há nesses diálogos, nenhum que possa ter se concretizado em acordo de empreiteiras”, disse o governador.
14h31 – Sessão é interrompida, pois Marconi saiu, sem pedir lincença, do auditório.
14h50 – Marconi nega relacionamento de proximidade com ex-vereador Wladimir Garcez, de seu partido.
15h12 – Deputado Sílvio Costa (PTB) resume os resultados. “Confesso, estava torcendo para o senhor entrar em contradição, mas tenho que admitir que o senhor sai desta CPI maior que entrou. Esta Comissão não conseguiu retirar informações que te desmereça. Estou envorgonhado desta CPI que sairá muito enfraquecida”.
15h37 – Marconi vai de suspeito à conselheiro. Nesta altura do campeonato, deputado pergunta o que o governador acha do Cachoeira, do Wladimir Garcez e outros.
17h39 – Tucano diz que é vítima de perseguição política. “Existem arapongas que estão me vigiando desde que fui eleito, em 2010”.
17h53 – Deputado questiona o foco da CPI e diz que o caso da casa não foi esclarecido. “O cheque que pagou o imóvel pertence a uma empresa, foi uma pessoa jurídica que representou o comprador”, afirma o deputado que finaliza sua fala solicitando um estudo verdadeiro sobre a possibilidade de quebra de sigilo bancário e telefônico do governador e das empresas envolvidas.
18h55 – Governador inicia suas considerações finais após os diversos elogios que recebeu dos deputados. Com uma citação bíblica Marconi Perillo encerra seu depoimento, após quase nove horas de sessão.
Aplausos ao governador de Goiás. Sinto muito, povo goiano, a oposição tem muito que aprender. Marconi 10 X 0 CPMI
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