O interesse dos brasileiros pelo crédito tem perdido atratividade, conforme aponta o Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito, fornecido pela Serasa Experian. O último levantamento revelou uma redução de 2,4% na busca por empréstimos em julho, quando comparado com junho, e uma queda significativa de 10,9% em relação a julho de 2022. Esse padrão decrescente tem sido constante há 14 meses consecutivos, com início em junho de 2022. Os dados exclusivos foram disponibilizados à Agência Brasil.
De acordo com Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, esse cenário pode ser atribuído à política de taxas de juros praticada no país. A população tem evitado recorrer a empréstimos devido às altas taxas de juros, as quais encarecem o crédito e o tornam menos vantajoso.
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“Os consumidores continuam relutantes em buscar crédito, principalmente devido aos juros elevados, o que torna o momento inoportuno para tal ação.”, afirmou Rabi.
O mês de agosto trouxe consigo um corte na taxa básica de juros da economia (Selic) pelo Banco Central, fixando-a em 13,25% ao ano. Esse foi o primeiro corte em três anos, com a Selic tendo influência direta nas taxas de juros aplicadas aos empréstimos destinados a indivíduos.
A manutenção da Selic em patamares elevados por parte do Banco Central visa conter a inflação, porém, tal medida também impacta negativamente na oferta de crédito, no consumo e nos investimentos.
Ruy Santacruz, professor de economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), destaca que, além dos juros elevados, os dados fornecidos pela Serasa Experian também refletem um efeito estatístico derivado da alta demanda por crédito nos anos anteriores.
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“Durante a pandemia e nos meses seguintes, houve uma procura expressiva por crédito. Portanto, a demanda atual não está baixa, mas sim comparativamente menor devido a um patamar anterior ainda mais elevado.”, explica Santacruz.
Conforme a análise da Serasa Experian, a queda na procura por financiamentos foi mais acentuada nos últimos 12 meses entre os indivíduos com renda de até R$ 1 mil, com uma queda de 15%. Por outro lado, aqueles com ganhos superiores a R$ 10 mil apresentaram uma redução de 11,5%.
Santacruz destaca que parte da diminuição na procura por crédito é influenciada pela inadimplência, a qual apresentou uma redução, porém, segundo o especialista, ainda se mantém em níveis elevados.
“Quando a inadimplência diminuir ainda mais, é provável que haja uma estabilização na demanda por crédito.”, projeta o economista.
Já Luiz Rabi acredita que a busca por crédito retornará com um realinhamento nos orçamentos familiares. O economista enfatiza que para os indicadores voltarem a registrar resultados positivos, a renegociação de dívidas e a redução de despesas são medidas fundamentais para os consumidores poderem reestruturar suas finanças.
“A fim de alcançar uma recuperação, é essencial que os consumidores se reorganizem financeiramente através da renegociação de dívidas e da redução de gastos.”, salienta Rabi.
Fonte: Agência Brasil.