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Política
| Em 56 minutos atrás

Defesa de kid preto diz que ele estava em Goiânia em 15 de dezembro de 2022 e que foi vítima de armação

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Jeffrey Chiquini, advogado do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, preso no Rio de Janeiro no último dia 19, disse, nesta sexta-feira (29), em entrevista coletiva, que o militar foi “vítima de uma armação” no caso que apura tentativa de golpe militar e o planejamento do assassinato do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O advogado afirma que Azevedo não é o elemento codinome “Brasil” no grupo clandestino e que recebeu o celular usado nos planos de golpe apenas em 29 de dezembro de 2022, sugerindo que alguém dentro do Exército organizou para “incriminar” o oficial.

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Azevedo faz parte dos chamados kids pretos – também conhecidos como forças especiais, e é lotado em Goiânia, onde reside com a família. A prisão dele chamou a atenção desde o início porque não era um oficial que sinalizava extremismos rumo à clandestinidade como alguns dos presos pela Polícia Federal (PF). Ele, inclusive, é o único de uma lista de 38 investigados, que ainda não foi indiciado, mas está preso no 1º Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro.

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“Provas plantadas” e “sabotagem das Forças Armadas”, acusa defesa de militar

“Plantaram provas a alvos específicos para essa imputação a pessoas específicas”, disse o advogado durante entrevista coletiva. A entrevista foi um dia depois de Azevedo prestar depoimento à PF durante três horas e meia, via teleconferência, na quinta-feira.

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Conforme ele, o tenente-coronel Azevedo desconhece qualquer tratativa de golpe e recebeu um telefone celular como “cavalo de Troia”. “Não é qualquer militar, é o militar que foi pinçado a dedo para que a ele seja imputada uma participação inexistente das forças especiais”, disse. Ele aponta ter havido “uma sabotagem das Forças Armadas”.

Investigação sobre o tenente-coronel

O relatório produzido pela PF aponta que Rodrigo Bezerra Azevedo era a pessoa identificada pelo codinome “Brasil” em mensagens interceptadas pelos investigadores. Segundo o documento, no dia 15 de dezembro de 2022, ele foi o usuário de um aparelho de celular utilizado, em Brasília, para a troca de mensagens que faziam parte do plano de matar as autoridades eleitas e o ministro do STF, o que estava planejado para aquele dia.

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O relatório detalha que o mesmo telefone usado no dia 15 foi habilitado com outro número de linha, dessa vez em nome do próprio Azevedo, no dia 29 dezembro.

Homem de confiança

O relatório da PF cita ainda que o também tenente-coronel do Exército Rafael Martins de Oliveira, outro kid preto, vizinho de Azevedo na Vila Militar do Setor Marista, em Goiânia, demonstrou em mensagens sua confiança nele. “O Zeza. O único que eu confio”, reproduz o documento da PF.

A investigação mostra que Azevedo estava na lista de contatos de Oliveira como “Zeza Rio”. Oliveira é um dos 37 indiciados pela PF no inquérito do golpe de Estado, juntamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Oliveira teria fornecido orientações importantes para a execução do crime.

Embora a defesa alegue que o militar foi vítima de armação, outro trecho do relatório de 884 páginas da PF aponta que em 30 de dezembro, quando o então presidente Bolsonaro deixou o país, Azevedo publicou em um grupo de WhatsApp a seguinte mensagem: “Rapaziada esse grupo aqui pra mim perdeu a finalidade… deixo aqui um abraço pra FE de verdade que fizeram o que podiam pra honrar o próprio nome e as Forças Especiais…qq coisa estou no privado!!Força!!”.

Para a PF “os elementos de prova apresentados são convergentes para demonstrar a participação do militar, “Kid Preto”, Rodrigo Bezerra Azevedo na ação clandestina do dia 15/12/2022, que tinha o objetivo de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes”.

Confira a íntegra do relatório da PF!

Azevedo não era “Brasil” e estava em Goiânia, garante advogado

Já o advogado Jeffrey Chiquini nega que Azevedo seja o codinome “Brasil” do grupo golpista e diz ter provas de que no dia 15, aniversário do militar, ele estava em casa, com a família, em Goiânia, o que embasa falar de armação. O advogado confirma que o aparelho só foi parar nas mãos do militar no dia 24 de dezembro, após, em sua versão, ter sido “plantado” ao ser colocado à disposição do tenente-coronel, que assumia um cargo no Centro de Coordenação de Operações Especiais do Exército.

“Esse celular está plantado à disposição do [tenente] coronel, como se já estivesse tudo preparado”, destadou. Jeffrey relatou que havia alguns aparelhos para serem escolhidos pelo cliente dele, e o celular em questão era o mais novo. “Óbvio que ele escolheu o mais novo. Óbvio que escolheu o melhor celular.”

Advogado sustenta que o alvo da “armação” é o militar, as forças especiais ou a investigação

O advogado levanta a hipótese de alguma pessoa, por exemplo um militar ou um funcionário terceirizado, ter sido corrompida para fazer esse aparelho de celular ficar à disposição de Azevedo. “Está muito claro que se trata de uma armação contra o [tenente] coronel Azevedo e contra as forças especiais”, afirmou o advogado. “Eu não consigo afirmar para vocês quem está por trás”, destacou a Agência Brasil.

A tese da defesa é que a estratégia de imputar culpa ao tenente-coronel serve ao propósito de atingir o Exército, por meio de sua força de operações especiais, ou atrapalhar as investigações a respeito da tentativa de golpe. “Se houve plano, tem que ser apurado”, pediu o advogado.

O advogado Jeffrey Chiquini nega ligação das mensagens com a trama golpista e alega que os textos enviados por Oliveira e por Azevedo se referem a outro contexto, transferências internas dentro da área de atuação de ambos no Exército. “Cadê o histórico de mensagens a conseguirmos analisar esse contexto?”, questionou.

Cliente vai colaborar, mas não delatar, afirma defensor

O advogado ainda apontou “amadorismo” na suposta tentativa de golpe. “Jamais um força especial teria tanto amadorismo como está se vendo nessa operação”, declarou.

Ele diz que as provas que mostram que Azevedo não participou da articulação criminosa estão no celular do militar, que foi apreendido. Por isso, pedirá à PF acesso ao aparelho para que possa reunir os indícios e solicitar a soltura do cliente.

Chiquini afirmou que Rodrigo Bezerra Azevedo vai colaborar com as investigações. “E não delatar, porque inocente não delata.”

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.