Uma pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (7) mostra que a maioria dos brasileiros acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou fugir ao danificar a tornozeleira eletrônica que usava por determinação judicial. Segundo o levantamento, realizado entre 2 e 4 de dezembro, 54% dos entrevistados veem intenção de fuga, enquanto 33% aceitam a versão de Bolsonaro, que atribuiu o episódio a um “surto paranoico”. Outros 13% não souberam responder.
O Datafolha ouviu 2.002 eleitores em 113 municípios, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%. As opiniões variam pouco entre faixas de renda, gênero e escolaridade, mas alguns grupos se destacam. Entre jovens de 16 a 24 anos, 60% afirmam acreditar que houve tentativa de fuga. Já entre os mais ricos, cresce a adesão à hipótese de surto, chegando a 40%.
Divisão política amplia diferenças
As discrepâncias são mais profundas quando analisadas sob o recorte político. A versão de que Bolsonaro agiu durante um surto tem maior aceitação entre seus apoiadores. Nas regiões Sul e Norte/Centro-Oeste, 40% concordam com essa explicação. Entre evangélicos, o índice sobe para 46%. Já entre eleitores do ex-presidente no segundo turno de 2022, 66% afirmam acreditar na tese do surto.
Por outro lado, a interpretação de que houve tentativa de fuga ganha força entre opositores. No Nordeste, 61% apontam fuga como motivação, e entre eleitores de Lula esse percentual chega a 66%.
O episódio
O caso ocorreu na madrugada de 22 de novembro, quando Bolsonaro cumpria prisão domiciliar em Brasília, monitorado por tornozeleira eletrônica por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Às 0h07, a central da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal registrou um alerta de violação.
A equipe responsável entrou em contato com a residência e foi informada de que o equipamento havia batido em uma escada. No entanto, ao chegar ao local, encontrou a tornozeleira danificada com uso de ferro de solda, segundo o relatório oficial.
Para Moraes, o dano reforçava suspeitas de fuga, hipótese que já vinha sendo monitorada. A avaliação do ministro era de que a confusão poderia ser utilizada como pretexto para retirar o ex-presidente da casa e conduzi-lo a uma embaixada de país aliado, onde estaria protegido pela inviolabilidade diplomática.
Situação atual
Desde o episódio, Bolsonaro está preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília. O pedido de retorno à prisão domiciliar foi negado por Moraes após o encerramento do processo que condenou o ex-presidente por participação em uma trama golpista.
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