12 de setembro de 2024
Política

“Danos são imensuráveis”, desabafa ex-diretor da Saneago

Ex-diretor da Saneago, Afrêni Gonçalves denunciado na Operação Decantação 1 - Foto: Altair Tavares
Ex-diretor da Saneago, Afrêni Gonçalves denunciado na Operação Decantação 1 - Foto: Altair Tavares

Deflagrada em 2016, a Operação Decantação investigou irregularidades na Saneago, mas, na última segunda-feira (27), o juiz federal Rafael Ângelo Slomp, da 11ª Vara de Goiânia rejeitou a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) contra 38 pessoas, incluindo o ex-presidente José Taveira e o ex-diretor Afrêni Gonçalves, que eram ligados ao PSDB e foram presos na época da Operação. O juiz aponta falta de provas do MPF e diz que a denúncia é inepta, ou seja, sem aptidão.

De acordo com o procurador da República Mário Lúcio de Avelar, autor da denúncia na época,  dirigentes e colaboradores da Saneago promoveram licitações fraudulentas mediante a contratação irregular de uma empresa de consultoria, para dar suporte técnico para elaboração de projetos, composição de orçamentos, avaliação de propostas e exames de licitações.

Em entrevista a rádio Bandeirantes 820 de Goiânia, o ex-diretor da Saneago, Afrêni Gonçalves, falou sobre essa questão e principalmente dos danos que foram causados, além de como pensa em seguir depois de todo esse processo.

“O reparo do ponto de vista e eu nem falo financeiro, mas do principal que é o reparo moral não acontece nunca. O maior patrimônio de um homem é o seu nome, a sua dignidade. Existem  dois Afrênis, um de antes de agosto de 2016 e depois daí. O maior patrimônio é meu nome, mas esse tipo de Operação trouxe um prejuízo financeiro para a Saneago, para a sociedade e para o Estado”, disse.

 “Eu via as operações da Polícia Federal e pensava que isso nunca ia acontecer comigo e se acontecesse eu preferiria morrer e de repente eu estou em casa e tem cinco policiais federais, revistando meu apartamento. Eu tenho amigos, eu vejo o quanto que a família e os amigos são importantes na vida da gente e o fato de eu nunca ter desacreditado nos órgãos instituídos e a consciência tranquila me fizeram  ficar vivo”, relata.

O ex-diretor, afirma ainda que agora é o momento de refletir. “A gente tem que refletir muito, é hora de agir com calma com a razão. Se for refletir, os danos causados são imensuráveis”.

O MPF pode recorrer da decisão, mas Afrêni se mostra tranquilo em relação a isso. “Eu tenho certeza absoluta, eu tenho consciência das minhas ações eu sempre disse que iria ficar cinco milênios para achar alguma coisa de errado e não ia achar. Sempre confiei nos órgãos constituídos, eu acredito na Justiça e graças a Deus aconteceu essa decisão que deu um alívio.  Parece que  eu até estou rejuvenescido desde segunda-feira.  Eu penso que tudo tem seu devido momento e esse momento agora é dá gente dar uma relaxada, de respirar fundo e depois ver o que fazer”, afirma.

As investigações sobre a suposta organização criminosa foi dividida em núcleos, e Afrêni diz ter sido colocado como chefe do núcleo político. “Eu fui apelidado de chefe da organização do núcleo político, porque como era presidente estadual do PSDB na época.  A propósito disso daí quando eu cheguei na Saneago eu me reuni com  equipe que lá estava, pessoas que entraram na Saneago como estagiários e chegaram num cargo de engenheiro, pessoas altamente qualificadas. Me reuni com eles e falei, ‘eu não sou engenheiro, mas eu entendo que se consegue resultados através das pessoas'”, explica.

“Montei a equipe, eu não assinava nada sem essas pessoas avaliarem, para vocês terem uma ideia do quanto eu queria desassociar  a questão política da Saneago, que eu assumi a Saneago em janeiro de 2015, e o PSDB eu assumi em 14 de junho de 2015. Lá na Saneago todos os processos passam por uma equipe técnica altamente competente na área de elaboração de projetos, análise de custos, tem uma área jurídica, tudo passa pelos tramites normais”, acrescenta.

Além de rejeitar a denúncia, o juiz determinou que seja feita de imediato a devolução dos bens apreendidos  que pertencia aos  denunciados.  Além disso, a decisão não afeta as investigações das operações Decantação 2  e 3 que foram deflagradas neste ano.


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