Brasília – Os advogados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediram mais prazo ao Supremo Tribunal Federal (STF) para a apresentar da defesa do deputado contra acusação de envolvimento no esquema investigado pela Operação Lava Jato.
A defesa argumenta que ainda não teve acesso à íntegra dos depoimentos prestados pelo lobista Júlio Camargo e que isso dificulta o direito à ampla defesa de Cunha. O presidente da Câmara foi denunciado no dia 20 pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva no âmbito das investigações da Lava Jato.
O prazo dado atualmente para os advogados de Cunha expiraria em 9 de setembro, mas a defesa pede 30 dias em vez dos 15 iniciais para apresentar a contestação. Além disso, os advogados querem que o tempo passe a ser contado apenas quando eles tiverem acesso à íntegra das delações premiadas em que ele é citado.
Os defensores pedem acesso aos testemunhos prestados por Camargo aos investigadores da operação. O lobista narrou aos agentes ter sido procurado por Cunha para cobrar o recebimento de US$ 5 milhões em propina de contratos de navio-sonda envolvendo a Petrobras.
“Diante desse quadro, é manifesta a impossibilidade de oferecimento de qualquer resposta pelo requerente que esteja adequada à plenitude das garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório enquanto não franqueado o acesso a tais elementos produzidos durante a fase de investigação”, argumentam os advogados.
Além disso, são requeridos áudios, documentos e vídeos referentes à acareação de Camargo com o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e a depoimentos complementares do doleiro e empresário Alberto Youssef. “Isso porque apenas com o acesso a todo o material produzido a defesa poderá fazer o cruzamento entre as informações relativas ao suposto pagamento de vantagens indevidas pela contratação de navios-sondas pela Petrobras e as informações sobre o suposto pagamento de propinas referentes a outros contratos com a Petrobras intermediados por Júlio Camargo”, completou. A defesa argumenta ainda que o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, já concedeu acesso aos testemunhos à defesa do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, operador do PMDB no esquema.
Para evitar que o Supremo alegue que os depoimentos estão sob sigilo, os advogados argumentam que o segredo de Justiça tem como objetivo proteger o colaborador e o andamento das investigações, mas que não pode prejudicar a defesa dos acusados. “Entendimento contrário conduziria à absurda hipótese de alguém ser acusado por algum colaborador e, instado a se defender, não ter direito nem a saber quais os elementos de informação a acusação possui em seu desfavor”, diz a peça.
(Estadão Conteúdo)