A Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Goiás (COOPANEST-GO) informou que fará a suspensão dos atendimentos de seus cooperados aos procedimentos eletivos a partir do dia 15 de dezembro e emergenciais a partir de 5 de janeiro nas unidades municipais de saúde e rede conveniada de Goiânia. A motivação seriam os atrasos nos pagamentos da Prefeitura de Goiânia pelos serviços prestados. No total, a dívida é de quase vinte e seis milhões de reais.
Em entrevista ao Diário de Goiás, o presidente da COOPANEST-GO, Dr. Haroldo Maciel Carneiro, conta que outra motivação seria a inexistência de contrato entre as partes. “Estamos sem contrato desde o final de janeiro, e sabendo do impacto que causaria para a população fazermos uma interrupção do nosso serviço, a gente continuou prestando serviço, mesmo sem contrato e mesmo com atraso de pagamento. Estamos na tentativa de chegar a uma solução, um acordo que seja possível com a Secretaria Municipal de Saúde”, disse.
Segundo o presidente, a dívida de anos anteriores chegou a ser negociada com o ex-secretário da saúde Durval Pedroso, mas as parcelas não foram pagas corretamente na gestão de Pedroso e foram ignoradas na gestão do atual secretário, Wilson Pollara. “ O secretário Pollara não se comprometeu a cumprir o acordo do secretário anterior, então a gente voltou à estaca zero. No momento nós não temos contrato para prestação de serviço e não temos um compromisso da Secretaria Municipal em saudar os serviços que foram prestados”, alega Haroldo.
Em nota a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que há um saldo de R$ 2,733 milhões do contrato anterior, encerrado em janeiro de 2023, com a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Goias (Coopanest-GO) que será quitado nos próximos dias. As parcelas SUS, dos meses de outubro e novembro também serão quitadas, ou seja um total de R$ 3,613 milhões serão pagos à Cooperativa. O restante do saldo será avaliado. (Confira nota na íntegra no final da matéria).
Vale lembrar que em novembro deste ano, o secretário Pollara afirmou que o Brasil ainda tenta se reerguer da Pandemia de Covid-19, e que a falta de orçamento das prefeituras se deve pela falta dos recursos suplementares fornecidos pela Federação durante a pandemia. “Quando acabou esse recurso, o que aconteceu? Nós ficamos sem condição de pagar”, afirmou o secretário que na época foi questionado sobre a crise nas maternidades goianas e as crises que enfrentou ao assumir o cargo.
Porém, o secretário de Saúde garantiu que em sua gestão ele busca reconstituir o diálogo. Ao Diário de Goiás o presidente da Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Goiás afirmou que tem uma reunião agendada com a secretaria nesta sexta-feira (8) para tratar sobre o assunto. Até o prazo estipulado, Haroldo reforça que o serviço ainda será prestado com o mesmo padrão e excelência de antes, e que espera um desfecho positivo para o caso.
“Demos esse prazo para que a prefeitura tenha tempo hábil para analisar a situação e ver qual é a melhor solução para o momento. Estamos abertos para manter a parceria, desde que as condições sejam atendidas. Se ela entender que a busca de um outro parceiro é o melhor para a Secretaria Municipal, vamos respeitar a decisão. Não temos nenhuma mágoa, nenhuma intenção de fazer qualquer prejuízo, de fazer qualquer retaliação ao atendimento em forma nenhuma”, finaliza Haroldo.
O contrato de prestação de serviços entre a COOPANEST-GO e a administração municipal, firmado em 04 de janeiro de 2016 para atendimentos eletivos e emergenciais em exames e cirurgias, teve seu prazo encerrado em 29 de janeiro de 2021. À época, foi elaborado um aditivo que prorrogou a prestação de serviços até 31 de janeiro de 2022.
A COOPANEST-GO afirma que mesmo após ter realizado várias tentativas no sentido de abertura de processo administrativo legal de contratação para evitar a suspensão dos atendimentos, a Secretaria Municipal de Saúde optou por um contrato emergencial que teve sua vigência encerrada no dia 31 de janeiro de 2023.
Os médicos anestesiologistas da COOPANEST-GO realizam, em média, 6 mil atendimentos por mês nos mais diversos procedimentos médicos com sedação. Hoje são realizados atendimentos para exames com necessidade de sedação, como por exemplo endoscopia e colonoscopia, assim como cirurgias eletivas e emergenciais.
Vale reforçar que a presença de um anestesiologista durante uma cirurgia ou procedimento sob sedação é de extrema importância para garantir a segurança e o bem-estar do paciente. A ausência desse profissional pode acarretar uma série de riscos significativos que podem comprometer o sucesso do procedimento e a saúde do indivíduo.
“NOTA – SMS
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que há um saldo de R$ 2,733 milhões do contrato anterior, encerrado em janeiro de 2023, com a Cooperativa dos Médicos Anestesiologistas de Goias (Coopanest-GO) que será quitado nos próximos dias.
As parcelas SUS, dos meses de outubro e novembro que totalizam R$ 880 mil, também serão depositadas nos próximos dias. Ou seja, um total de R$ 3,613 milhões serão pagos à Cooperativa.
O restante do saldo será avaliado e a secretaria trabalha para encontrar uma forma, juridicamente perfeita, para efetuar o pagamento.
Nesta sexta-feira, já há uma reunião agendada entre representantes da SMS e da Coopanest-Go, para discussão do assunto.
Secretária Municipal de Saúde (SMS)”.