O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, afirma que fará uma revisão em todos os contratos de serviços de comunicação da Presidência da República.
Hoje, a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), subordinada ao general, dispõe de quatro grandes contratos, renováveis anualmente, que envolvem áreas como assessoria de imprensa (nacional e internacional) e mídias digitais. O orçamento aprovado para este ano foi de R$ 150 milhões.
À reportagem, o ministro disse ainda que estuda uma fusão da grade de programação da TV Brasil e da TV NBR. Ele também afirmou não ver erro na exoneração em massa de servidores promovida pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que afetou o funcionamento da pasta. “Uma semana não altera a vida do país.”
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Pergunta – Os contratos de comunicação do Planalto serão revistos?
Carlos Alberto dos Santos Cruz – Claro. Eu vou rever todos. Sem dúvida, isso aí é uma obrigação, principalmente quando você está começando uma administração. Não é desconfiança do que passou. É obrigação funcional.
P – Pretende fazer nova licitação?
CASC – Alguns podem ser renovados e outros não podem por questão de prazo. Se não ficar convencido que a extensão é necessária, faço outro.
P – Neste início de governo, houve impasse e crise entre integrantes da equipe ministerial. Está faltando um porta-voz?
CASC – É óbvio que um porta-voz é essencial. Ainda não tem, mas vai ter. Um desencontro ou outro também não quer dizer que não tem harmonia ou integração.
P – Como deve ser a nova estrutura da EBC (Empresa Brasil de Comunicação)?
CASC – Você tem de ver qual a estrutura que precisa para o objetivo que quer atingir. Hoje, a EBC tem um efetivo de 2.025 pessoas. Vamos ver se é o necessário ou pode ser reduzido. Agora, para fazer redução, vai ter de respeitar a legislação e os funcionários.
P – Quais veículos da EBC pretende extinguir?
CASC – A EBC tem duas televisões e oito rádios. Vamos ver o que é necessário. Aquilo que não for, fecha.
P – A ideia é ficar com uma televisão e uma rádio só?
CASC – Sobre a rádio não posso falar isso, porque estão distribuídas no Brasil e preciso dar uma olhada na área que cobrem. E a televisão vamos ver a programação se dá para juntar tudo em uma só.
P – Vai fundir o conteúdo das duas em uma só?
CASC – É, vamos ver o que dá para fazer. Agora, a ideia geral é racionalizar. Isso aí vamos fazer em curto prazo.
P – O presidente Jair Bolsonaro fez um discurso dizendo que vai mudar a forma de distribuição da verba publicitária aos veículos de imprensa. Que critério será adotado?
CASC – Verba de publicidade não é distribuição de dinheiro para as agências de publicidade. Tem de fazer publicidade só naquilo que é realmente essencial. Primeira coisa, reduzir.
P – O critério técnico de distribuição baseado em audiência e tiragem será mantido?
CASC – A audiência é um dos critérios. O outro é o assunto que estou tratando e a área que quero atingir. Qual é o público que quero atingir.
P – O monitoramento de organizações da sociedade civil, como prevê medida provisória editada no dia 1º de janeiro, representa uma tentativa de controle da sociedade?
CASC – Não, não tem nada a ver com controle. Isso aí tem a ver com coordenação, resultado e transparência. Isso não significa interferência, engessamento. Isso aí significa aplicação boa do dinheiro público.
P – Um grupo de entidades reclamou da medida.
CASC – Já estamos fazendo contato para convidá-las [para uma audiência]. Há muitas organizações boas que podem fazer um trabalho bom.
P – O sr. está aberto a receber entidades que foram criticadas pelo presidente, como o MST?
CASC – O MST não tem problema nenhum, pode vir. Só não pode confundir com tolerância ou reconhecimento da validade de certas coisas. Aquilo que é crime é crime. Você incendiar propriedades, destruir maquinário, invadir locais e agredir pessoas. Isso tudo é crime.
P – As regras previdenciárias para militares devem ser também alteradas?
CASC – Todas as categorias, em uma hora dessas, passam por uma revisão. Não vejo nada de especial no militar neste momento. Só que o sistema não é como o geral, segue outros padrões. Mas sem dúvida nenhuma todo mundo vai ser motivo de atenção.
P – Foi exagerada a medida adotada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de demitir todos os funcionários da pasta dele em cargos comissionados?
CASC – Não, foi simplesmente uma questão de opção. Há duas opções: demite todo mundo, vai fazendo entrevistas e retorna com alguns ou, como o que nós adotamos, que entrevista todo mundo e vai dispensando alguns.
P – Mas esse método da Casa Civil paralisou muita coisa na máquina pública.
CASC – Uma semana não altera a vida do país.
P – O sr. defende o rompimento das relações diplomáticas com a Venezuela?
CASC – Não vou falar pela política exterior, mas não defendo rompimento diplomático. Acho que o Brasil tem de condenar de maneira séria um governo que já fez sair de seus país 3 milhões de cidadãos.
CARLOS ALBERTO DOS SANTOS CRUZ, 66
Ministro da Secretaria de Governo
General da reserva, foi secretário nacional de Segurança Pública, entre 2017 e 2018, e comandou missões das Nações Unidas no Haiti e no Congo. É formado em engenheiro civil pela PUC Campinas. Como o presidente Jair Bolsonaro, graduou-se na Academia Militar das Agulhas Negras.
(GUSTAVO URIBE, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)