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Cidades
| Em 4 meses atrás

Consórcio Limpa Gyn estabiliza coleta e cita investimentos, frente a uma população ainda ressentida

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Quatro meses após entrar no mercado da limpeza urbana em Goiânia, o Consórcio Limpa Gyn faz seu primeiro balanço considerando que atingiu o foco principal que era estabilizar a coleta de lixo após uma grave crise na coleta de lixo da cidade. Em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás, o diretor do Limpa Gyn, Renan Andrade, explica que, apesar do déficit encontrado, que beirava a calamidade pública, o trabalho evoluiu muito, “necessitando evoluir mais”.

O diretor contou ao jornalista Altair Tavares, editor-chefe do DG, que ao assumir o serviço, a situação degradante da cidade não foi o único grande desafio. Também a mão de obra que carecia ser preparada rapidamente para a função e a aquisição urgente de grande volume de maquinário pesado foram obstáculos que precisaram ser enfrentados diante de uma população irritada e clamando pressa.

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Pesquisa mostra percepção dos moradores da Região Leste

A prova dessa necessidade de “evoluir mais”, usando as palavras de Renan Andrade, está no resultado de uma pesquisa realizada pelo DG no domingo (1º) sobre avaliação popular do serviço de coleta de lixo na cidade. O levantamento foi dirigido a moradores da Região Leste onde a situação era mais crítica quando o consórcio assumiu e foi onde ele começou.

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Dos 300 entrevistados, 17,8% disseram que o serviço melhorou, revelando uma percepção de avanço. Por outro lado, 43,6% disseram que não perceberam a diferença e 35,17% disseram que piorou, sendo que 3,3% não souberam opinar.

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“Na verdade, nós também não temos essa expectativa [de melhora substancial], porque nós entendemos que uma pesquisa hoje é fruto de uma história. Então a pessoa que está respondendo à pesquisa hoje é uma pessoa que está há 20 anos sofrendo com uma coleta de lixo. Então quando o munícipe referencia que ele não notou diferença, é porque ele já entrou num nível de estar acomodado dentro do problema”, avalia o diretor.

Consórcio faz balanço da coleta: exemplo do caos no Parque Atheneu

Ao fazer o balanço sobre o cenário da coleta, o diretor do Consórcio cita como exemplo o Parque Atheneu – “talvez a região de Goiânia que mais nos deu trabalho”. O motivo eram as ruas no fundo do Parque Atheneu, padecendo com mais de um mês sem coleta de lixo. “Então imagine esse roteiro, com um caminhão que vai lá retirar 10 toneladas na segunda, quarta e sexta-feira. Você está tirando 30 toneladas por semana. Se você passa um mês sem coletar, quantas toneladas tem lá para ser retirada? Muitas”, cita.

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Conforme Renan Andrade, houve situações em que havia 120 toneladas de lixo no chão de algumas regiões e um caminhão de 10 toneladas passando. “Em um dia não tira. Você não tira nem em 30, 60 dias, porque você está fazendo o serviço de formiguinha, de voltar toda segunda, quarta e sexta, tirar 10. E tem o reabastecimento. Conforme você tira 10 toneladas, a população está gerando mais 10 toneladas. As outras 120 estão parados lá no chão. Então, nós tivemos que fazer uma força tarefa lá de 700%”, segundo ele, com 7 caminhões.

Por conta desse cenário, ele disse que o Parque Atheneu se tornou uma referência do trabalho do extremo leste. “Hoje, nós não temos nenhuma reclamação de coleta de resíduos orgânicos do Parque Atheneu”, afirmou.

Além da remoção, ele considera que a população da região está se adaptando à frequência da coleta e sendo mais compreensiva em respeitar os dias de depositar o lixo.

Avanço na meta

De todo modo, ele faz um balanço avaliando que a meta principal do Consórcio era voltar a dar ao morador de Goiânia a condição dele ter a frequência de coleta na porta de casa novamente. “Nós tínhamos muitos problemas aqui de ruas que não estavam sendo coletadas, de material que estava se acumulando nas ruas e o caminhão simplesmente não passava. Vários moradores comentando que tinham 20 dias, 30 dias sem coleta”, disse, sobre a realidade de antes do serviço ser iniciado pelo consórcio.

O Limpa Gyn precisou superar disputas judiciais e então começou a atuar em Goiânia em 22 de abril em um contrato de R$ 19,5 milhões mensais pagos pela Prefeitura envolvendo o emprego de 240 equipamentos. A empresa colocou nas ruas 68 caminhões coletores, 190 máquinas da linha amarela (basculante, pá carrecadeira, retroescavadeira, bobcat, equipamentos de suporte na mecanização da limpeza, por exemplo), e 850 funcionários. Atualmente faz planos de contratar mais 100 funcionários para atuarem na coleta seletiva.

Pessoal sem experiência

“Começamos com motoristas que em sua maioria não eram motoristas da coleta. Nós começamos com coletores que 95% nunca coletaram, então nós não tivemos tempo e condições de preparar time para iniciar o trabalho. Ou seja, foram sendo treinados à medida que o serviço foi prestado. Foram sendo treinados, avaliados, preparados, corrigidos até hoje de uma maneira que não é a ideal, mas que era a necessária para o momento, visto a condição que a cidade se encontrava”, explicou. E disse que a captação de mão de obra continua sendo um trabalho gigantesco.

O diretor afirma que essa situação foi sendo superada com a confirmação de planilhas exequíveis pelos caminhões de coleta de modo a garantir ao morador saber a frequência da coleta com os dias da semana garantidos para depositar o lixo a ser recolhido. Segundo ele, as falhas de frequência se tornaram mínimas, embora “o ideal seja 100% sem falhas”.

Torre controla frequência da coleta e desgaste da frota

Os casos atípicos impedem que isso ocorra, explica ele, por conta de vielas, sem condição do caminhão acessar, exigindo que o lixo seja retirado manualmente. “Mas quando você compõe o mapa no que chamamos de torre de controle, que são computadores e pessoas que ficam monitorando a operação 24 horas, então, no mapa, nós atingimos 90%, 95%. E a gente sabe que fez 100%, porque o caminhão não acessou, mas o funcionário acessou e nos trouxe o material para a rota, então a gente acaba sabendo da execução 100% do serviço”, detalha Renan Andrade.

Ele garante que o número de caminhões coletores hoje é suficiente para a cidade. “São 68 caminhões compactadores de lixo que nós usamos exclusivo para a coleta de lixo orgânico”, observa. Mas desse total, ele afirma que o consórcio tem a estratégia de manter parte na reserva. “Nós temos uma saída hoje de 58 equipamentos e nós temos outras reservas técnicas. Se algum quebrar, tiver algum problema, tem que ter substituição”, garante.

A estratégia também facilita manutenções preventivas, para evitar o sucateamento da frota em curto tempo, “daqui a dois anos ou três anos”, observa.

De acordo com ele, até cinco anos o caminhão é usado na coleta numa condição boa, desde que ocorram as manutenções preventivas. “Se não houver correção preventiva, o caminhão acaba com dois anos. Então, nós temos um projeto dentro do consórcio de troca da frota dos compactadores de 48 meses, ou seja, nós faremos todas as preventivas e, a partir do quarto ano, nós pretendemos comprar novos caminhões e trocar toda a frota”, frisou o diretor.

Telemetria confere até uso da embreagem pelo motorista

Renan Andrade enfatizou que existe um sistema de telemetria pela própria torre de controle, para controlar até mesmo a forma como o motorista está utilizando a embreagem do caminhão. “Então, quando quebra uma embreagem antes da vida útil dela normal, nós temos o histórico de telemetria desse caminhão ou do motorista. A gente pode fazer um filtro por motorista ou por caminhão, para saber se houve algum problema de mecânica, de máquina, ou se a dirigibilidade do motorista está afetando diretamente a vida útil do equipamento”, acrescenta.

Informação que passa desapercebida da maioria das pessoas, mas a embreagem dos caminhões impacta, segundo o diretor, em 100% do serviço de coleta. “A embreagem, afeta muito o serviço de coleta de lixo orgânico, porque você tem uma rua de 400 metros, você arranca e para um caminhão a cada lixeira. Então, você está debreando o equipamento durante oito horas de serviço. Então, a embreagem, o freio, são itens do equipamento que a gente tem que ter um controle fino para poder não só manter a qualidade do equipamento, mas também manter a segurança da equipe que nós temos na rua”, justifica.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.