Pelo menos até a próxima sexta-feira (28), a Cidade de Goiás conviverá com um decreto que restringe o funcionamento das atividades não essenciais e limita também o turismo, principal atividade da antiga capital do estado.
O novo regramento entrou em vigor na última sexta-feira (21), com validade de sete dias, após o município ter um aumento expressivo no número de casos de covid-19.
Se antes a média de casos diários era de cinco, na última semana, segundo o prefeito Aderson Gouvea (PT), esse volume foi na média de 23, num aumento de quase 400%. Segundo ele, houve ainda um pico de 29 casos diários.
A elevação da taxa de contaminação sobrecarregou o tímido sistema hospitalar de Goiás, que tem apenas sete leitos de UTI para pacientes infectados com o coronavírus. Todos eles estão, hoje, ocupados. Com o hospital da cidade lotado, um outro paciente com covid-19 precisou de internação em Goiânia. “É um quadro complexo”, disse o prefeito ao DG.
Na avaliação de Gouvea, a alta do contágio se deu pela grande movimentação de turistas em Goiás no último Dia das Mães. “O crescimento dos casos geralmente têm acontecido perto de um feriado. Esse é do Dia das Mães, certamente de pessoas que vieram de fora da cidade. São famílias que vêm e se aglomeram. Foram casos que vieram de fora para dentro”, afirmou.
O prefeito admitiu também que o feriado de Nossa Senhora Auxiliadora, padroeira de Goiânia, acendeu o sinal de alerta na antiga capital. “Ficamos preocupados também com o feriado de Goiânia. Ficamos temerosos que mais pessoas contaminadas viessem para cá”, destacou.
O movimento no fim de semana, contudo, foi tranquilo, segundo o gestor. Até porque a prefeitura instalou barreiras sanitárias nas entradas da cidade, com profissionais orientando todos aqueles que por lá passavam.
“Não estava proibida a entrada, mas eles faziam aferição de temperatura. Nosso fiscal passava as obrigações que devem ser cumpridas, como distanciamento e uso de máscara”, relatou.
Reação dos empresários
Além do fechamento do comércio não essencial, há um toque de recolher em vigor, chamado em Goiás de toque de consciência. Ele determina que, a partir das 19h, não pode mais haver circulação de pessoas nas ruas.
O decreto também proibiu o aluguel de casas para turistas e limitou vagas em pousadas e hotéis a 30%. Nesse ponto, a prefeitura atendeu pedido dos empresários.
“Inicialmente, só seria permitida (a hospedagem) de quem estivesse trabalhando, mas acatamos esse pedido dos empresários e abrimos para 30%”, contou.
Quando as medidas mais duras foram anunciadas, houve forte reação de empresários, que fizeram carreatas e pediram flexibilização. Porém, o prefeito disse que, com as atuais condições, não seria prudente manter o atual nível de flexibilização. “Não posso ficar de braços cruzados esperando que o caos se estabeleça na cidade”, pontuou.
Gouvea admite que o turismo vem sofrendo, mas pondera que não havia outra solução. ” Esse setor tem sido muito penalizado. Infelizmente o remédio que temos é distanciamento e vacina. Como a vacina ainda está em números muito pequenos, temos que evitar mesmo as aglomerações”.
Segundo o prefeito, o comitê que baliza as decisões sobre a epidemia de covid-19 no município avaliará, ao fim do decreto, se os sete dias de restrições serão suficientes para baixar o contágio ou se será necessária prorrogação.
“Tivemos cuidado de fazer um decreto curto, com sete dias de duração. Vamos paralisar por sete dias, fazer uma avaliação, ver se a curva achata. Se houver uma redução, na sexta-feira nos reuniremos de novo e talvez tomaremos uma nova medida”, revelou.
Ao passo que encara restrições, Goiás também iniciou a vacinação de profissionais da educação no último sábado (22). Segundo o prefeito, profissionais do ensino médio foram os primeiros contemplados. Posteriormente, até mesmo os trabalhadores do ensino superior serão vacinados.
“A gente deve terminar (a vacinação de profissionais da educação) nesta semana e deveremos entrar para o pessoal da limpeza urbana”, conta. O prefeito aguarda uma decisão da Secretaria Estadual de Saúde e do Ministério de Saúde para retomar a vacinação por idade, uma vez que a maior parte dos grupos prioritários com grandes contingentes já está imunizada.