Sob nova direção, o PSD Goiás avança na consolidação de grupos e alianças com vistas a 2024. Porém, em algumas cidades o partido, com objetivo da atrair o maior número de forças políticas a sua órbita, tem se deparado situações políticas embaraçosas. É o caso de Anápolis.
Vanderlan Cardoso, presidente do PSD, e Ismael Alexandrino, vice-presidente, desembarcaram na última sexta-feira (22) no terceiro maior colégio eleitoral do estado com a pretensa agenda de debate sobre a Reforma Tributária com o tradicional empresariado anapolino. Mas foram os compromissos políticos que ficaram evidentes na passagem do senador e deputado federal pela cidade.
No início da manhã e início da tarde, os dois se encontraram com o deputado federal Márcio Correa (MDB) e o prefeito Roberto Naves (sem partido). Atualmente, Correa e Naves são adversários políticos. Os dois levantam e disputam a bandeira bolsonarista na cidade e abraçam o legado da extrema direita e do ex-presidente da República na cidade onde conquistou mais de 70% dos votos na última eleição.
Vanderlan e Ismael começaram a sexta-feira com um café da manhã na casa de Márcio. De lá, foram juntos, no mesmo carro, para a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia). Durante o evento, o comando do PSD testemunhou Márcio Correa apontar a metralhadora contra a atual gestão do município e criticar a queda da competitividade de Anápolis e comparar com crescimento de Aparecida de Goiânia na atração de indústrias. Tema caro para os anapolinos.
A fala do emedebista foi minutos depois dos pessedistas convidarem Correa e o conterrâneo de mesmo nome, o vice-prefeito Márcio Cândido (PSD), a subirem no palco do auditório da Acia. Candido, por sinal, é secretário de Indústria e Comércio do município.
Quem esteve no auditório presenciou Vanderlan e Ismael tentarem buscar uma conciliação entre os Márcios. O senador ao falar no nome dos dois fez questão de dizer que são “excelentes” pré-candidatos. Ismael foi além. Sugeriu uma chapa com os dois Márcios. Vanderlan foi no rastro e concordou. Após o evento, na sala de reunião da Acia, algumas pessoas ainda presenciaram Ismael puxar os Correa e Cândido para uma foto.
Fim do debate (e embate) na Acia, o bonde pessedista (Vanderlan, Ismael e Márcio Cândido) desceu no mesmo carro para o gabinete do prefeito. A expectativa era que o comando do PSD fizesse o convite para que Naves, que deixou o Progressistas na semana passada, se filiasse ao partido. Vanderlan foi eleito pelo PP e deixou o partido em 2019.
Porém, Naves no PSD pode dificultar ainda mais a reaproximação com o MDB. O prefeito acumula desgastes com o vice-governador e presidente estadual da sigla, Daniel Vilela, que é padrinho da pré-candidatura de Márcio Correa. Além disso, Roberto Naves não esconde para lideranças de Anápolis a simpatia por uma candidatura ao governo em 2026 do senador Wilder Morais (PL).
Altair Tavares
Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .