O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), está coberto de razão: a CPI do Cachoeira versão Assembleia Legislativa é um jogo escancarado de cartas marcadas. Os deputados governistas nem se esforçam para esconder isso. Abrir sigilos de Paulo e Iris Rezende (PMDB) e não convocar Carlinhos Cachoeira nem o governador Marconi Perillo, mais que uma contradição, é puro sarcasmo político. Mas…
Mas o fato é que a CPI existe, o governo a domina e Paulo chora o leite derramado (leia aqui). Como o seu partido amolece o jogo com Marconi na CPMI do Cachoeira, em Brasília, e deixa que o tucano aperte o torniquete no seu pescoço? Por que tanto silêncio da oposição, inclusive Paulo, quando o governador sofria desgaste, e reclamação logo agora?
À parte isso, o falatório de Paulo deixa claro o quanto o prefeito está desprotegido e sem estrutura para a disputa que mal começou. A CPI está no início. Tem muito mais pela frente. Sendo assim, a defesa vai ser sempre o choro inútil de quem sofre a cada dia mais uma baixa? Sendo assim, a saída é escancarar em coletiva que está acuado, ainda que esteja cheio de razão?
Paulo Garcia é vítima mais da fraqueza política do PT de Lula do que da força política de Marconi Perillo. Na teoria, o prefeito tem razão; na prática, mostra despreparo para uma guerra que não dá trégua, e muito menos vitória, aos fracos.
Em campanha, candidato que quer ter razão perde a eleição – ensina a sabedoria popular. Paulo Garcia, cheio de razão, vai perdendo aliados, a paciência, o discurso. Enfim… Assim é que uma disputa que parecia ganha está com cara de segundo turno (leia mais aqui).
Vassil Oliveira
Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).