22 de novembro de 2024
Publicado em • atualizado em 10/04/2023 às 06:48

Goiás não tem oposição e a razão é simples

Sem oposição diante de seu caminho, Caiado sonha com uma candidatura a presidente da República em 2026 (Foto: Divulgação/Governo de Goiás)
Sem oposição diante de seu caminho, Caiado sonha com uma candidatura a presidente da República em 2026 (Foto: Divulgação/Governo de Goiás)

Goiás não ter oposição neste momento é parte natural do processo de mudança de ciclo na sua vida política. A transição criou um vácuo. As principais lideranças que mandaram no Estado nas últimas décadas ou morreram ou perderam o protagonismo. Único na ativa com poder é o governador Ronaldo Caiado (União Brasil).

Aos 77 anos, Caiado sintetiza bem o fim do ciclo. Foi oposição ao MDB em 1998, quando houve a virada histórica de 16 anos dos emedebistas no poder para os 20 de PSDB e aliados, entre os quais ele. E foi oposição a Marconi Perillo na queda do tucano em 2018, assumindo o governo.

Caiado hoje é um político que não quer guerra com ninguém. Quer unanimidade, pois sonha ser candidato a presidente da República com o apoio de todos os goianos. Nesse ambiente, Caiado reina tranquilo. Enquanto isso, os grupos de poder estão se formando, timidamente.

Daniel Vilela de um lado, Gustavo Mendanha de outro, a direita com Vitor Hugo e mais alguns noutra ponta, o PT em clima de euforia com Lula presidente, todos, e aí podem ser incluídos vários nomes, estão buscando um lugar ao sol, nada mais que isso. Nenhum desponta como nome pra ser o novo líder, como Iris Rezende, Caiado, Lúcia Vânia, Marconi, Nion despontaram ao longo dos anos.

Nenhum, também, tem grupo consolidado e forte. Os grupos estão indefinidos, em formação. O que temos para este ano são nomes a serem provados na sua competência e habilidade. Pode ser que cresçam, se firmem, fiquem grandes, mas só o tempo vai dizer. Outros grupos estão igualmente sendo costurados, por lideranças que geram expectativa, mas só.

Até o meio do ano passado, por exemplo, o então presidente da Assembleia Legislativa, Lissauer Vieira, era uma promessa; hoje é um político sem mandato. O novo presidente, Bruno Peixoto (União Brasil), sempre no baixo clero quando emedebista, é agora visto como candidato a tudo: de prefeito da capital a governador.

Ajuda esse clima de vácuo total o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, não ter grupo político e, mais, não ter nem mesmo identidade com a cidade ou o Estado, carioca que é e faz questão de se mostrar nos gestos e no tom de voz. A eleição em Goiânia ano que vem está tão aberta quanto a eleição para o governo em 2024. É o começo do novo ciclo. O início de uma nova era na política no Estado.

Vassil Oliveira

Jornalista. Escritor. Consultor político e de comunicação. Foi diretor de Redação na Tribuna do Planalto, editor de política em O Popular, apresentador e comentarista na Rádio Sagres 730 e presidente da agência Brasil Central (ABC), do governo de Goiás. Comandou a Comunicação de Goiânia (GO) e de Campo Grande (MS).