28 de agosto de 2024
Publicado em • atualizado em 01/09/2020 às 16:25

Embora confirme Francisco Jr., PSD vive dilema com Vanderlan

Francisco Júnior, deputado federal, em entrevista na Fecomérgio (GO) (foto Leoiran)
Francisco Júnior, deputado federal, em entrevista na Fecomérgio (GO) (foto Leoiran)

A decisão do prefeito Iris Rezende de se colocar fora da disputa à reeleição afetou não apenas as articulações do MDB e partidos aliados à sucessão em Goiânia. O abalo nas negociações também tem atingido o PSD, legenda que abriga dois ex-adversários do emedebista na corrida pela prefeitura da capital em 2016.

A semana começou com o deputado federal Francisco Júnior tentando manter viva sua candidatura diante das conversações, inclusive sobre uma possível aliança entre o senador Vanderlan Cardoso e o governador Ronaldo Caiado (DEM), adversários de chapa nas eleições de 2018.

Em sabatina na Fecomércio, no final da tarde dessa segunda-feira (31), Francisco voltou a ser questionado sobre a possibilidade de uma candidatura de Vanderlan. O deputado fez questão de destacar que os mandatários do PSD, “de forma especial o senador Vanderlan”, assinaram um documento em apoio a sua pré-candidatura.

“Eu quero fazer um destaque. O senador Vanderlan não é apenas um bom candidato a prefeito de Goiânia, é um bom candidato a governador… Não queremos internamente gerar qualquer tipo de conflito”, disse.

Antes, Francisco sinalizou que a manutenção da candidatura está na união do PSD e que dúvidas atrapalham a evolução do projeto. “Se eu não conseguir demonstrar para o meu próprio partido que sou a melhor opção, se o meu partido tiver alguma insegurança, dificilmente eu irei convencer a cidade. Eu só teria condições de desenvolver um bom papel, de levar a mensagem do PSD, se nós estivermos unidos”, destacou.

“Ele disse que tá trabalhando para viabilizar, nessas palavras. Mas, se ele não conseguir convencer que ele é a melhor opção, isso aí vai pela pré-candidatura. Por isso que existe a pré-candidatura, depois vem as convenções. Então o pré-candidato tem um tempo aí para que ele trabalhe, para que ele viabilize, entendeu?”, disse Vanderlan Cardoso, em entrevista à Rádio Bandeirantes. “Se houve qualquer mudança, isso aí vai ser com diálogo nós vamos estar vendo isso pra frente, discutindo. Se houver alguma mudança, nós vamos estar de comum acordo”, concluiu.

Embora as lideranças do partido, entre elas o presidente estadual Vilmar Rocha, afirmem que “até agora” não houve mudança na posição do PSD de lançar Francisco à sucessão, dentro da legenda existe o dilema de ir novamente para a disputa sem uma candidatura competitiva ou entrar para a corrida com chances de conquistar o segundo posto político mais importante do estado. O presidente do PSD em Goiânia, ex-deputado Simeyzon Silveira, também reforça que o nome está decidido.

Os resultados das sucessões de 2016 e 2018 explicam a encruzilhada na qual se encontra o PSD. Francisco Júnior, então deputado estadual, encerrou a eleição a prefeito na quarta colocação, com 9,3% dos votos válidos. Em 2018, foi eleito deputado federal com 7,2% dos votos válidos em Goiânia. A capital foi a décima nona cidade que mais deu votos para Francisco nessa última disputa.

Vanderlan, sem mandato, encerrou o primeiro turno da corrida de 2016 com 31,8% dos votos válidos, perdendo para Iris no segundo turno (57,7% contra 42,3%). Em 2018, Vanderlan foi eleitor senador com a maior votação, obtendo 40,3% dos votos válidos em Goiânia. A capital foi a quinta cidade que mais contribuiu para a eleição ao Senado do ex-prefeito de Senador Canedo.

Outro ponto que pode fazer o pêndulo pessedista se deslocar para Vanderlan é a capacidade de aglutinação. Hoje, o senador conta com sinais positivos do governador, que tiraria um provável concorrente da corrida em 2022; de parte do MDB irista, que tem resistência ao nome de Maguito Vilela e enxerga em Vanderlan uma maior possibilidade de ocupar espaço na prefeitura ; além de parte do empresariado, que tem simpatia ao nome do senador e também empresário.

Uma composição entre essas três forças pode abrir a oportunidade do MDB ter mais um senador a partir de 2021, já que o primeiro suplente de Vanderlan é o ex-deputado federal Pedro Chaves. Além disso, o PSD que ensaia aproximação com Caiado poderá indicar um nome para a senatoria na chapa do governador em 2022. Uma das cadeiras no Senado é um dos sonhos de Vilmar Rocha.

Altair Tavares

Editor e administrador do Diário de Goiás. Repórter e comentarista de política e vários outros assuntos. Pós-graduado em Administração Estratégica de Marketing e em Cinema. Professor da área de comunicação. Para contato: [email protected] .