“Generais frouxos e melancias”, “levarei cigarros para Bolsonaro”, “palavrão não é crime”, “minuta do Google” e [ministro Fux] “amoroso e atraente”. Em menos de dois dias diversas frases pitorescas já foram ditas durante o julgamento dos réus do núcleo principal da ação penal sobre tentativa de golpe de Estado a despeito do ambiente sério e oficial do Supremo Tribunal Federal (STF). Entre as inusitadas, no nível do humor stand-up, e que mais têm repercutido, duas partiram de um conhecido goiano.
“Se Bolsonaro precisar de cigarro, conte comigo” e “é possível gostar do ministro Alexandre de Moraes e, ao mesmo tempo, do ex-presidente Bolsonaro? Sim, sou eu essa pessoa”, disse o hoje advogado Demóstenes Torres, defensor do general Almir Garnier. Ex-senador (cassado em 2012), ex-secretário estadual de Segurança Pública e ex-procurador-geral de Justiça de Goiás, entre outros cargos ocupados, Torres surpreendeu com as frases que causaram risos, mas não foi o único.
Fux, o ministro “amoroso, simpático e atraente”
O advogado de Mauro Cid, Cezar Roberto Bitencourt, afirmou que o ministro Luiz Fux é “amoroso, simpático e atraente, como são todos os cariocas”. A fala inusitada levou o ministro Flávio Dino, conhecido por seu bom humor, a brincar que não aceitaria “menos que isso” no tratamento, arrancando risos dos presentes.
General queria evitar os “frouxos e melancias”
O general Braga Netto não queria conversar com generais “frouxos e melancias”, afirmou o advogado Andrew Fernandes Farias, advogado do general Paulo Sérgio Nogueira, fazendo referência a militares que são vistos como não alinhados com a direita.
“Minuta do Google” virou “fake news” de advogado no mesmo dia
Já o advogado Eumar Novacki, que defende Anderson Torres, usou como retórica a frase “minuta do Google” para falar sobre a minuta do golpe encontrada pela Polícia Federal (PF), justificando que ela circulava na internet, o que foi contestado ainda na fala dele. Por envolver o portal especializado Conjur, este se manifestou na própria terça, chamando a fala de “fake news”.
Paulo Cintra, defensor de Alexandre Ramagem citou a singela frase “infelizmente, palavrões não são crimes”, sobre o baixo nível de conteúdos apresentados entre as provas colhidas pela PF e citadas pela PGR na denúncia.
Puxão de orelha de Carmem Lúcia
Por outro lado, ele protagonizou um momento que não teve graça, sofrendo reprimenda da ministra Carmem Lúcia, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral. Ela reagiu após Cintra citar as expressões “voto impresso” e “voto auditável” como sinônimos ao defender que o ex-diretor da Abin não participou da difusão de desinformação para atacar o sistema eleitoral.
“Vossa Senhoria usou, com muita frequência, como se fosse a mesma coisa, não é. O que foi dito o tempo todo (…) para criar uma confusão na cabeça da brasileira e do brasileiro para colocar em xeque [o sistema eleitoral]”, reclamou a ministra. E ela continuou o puxão de orelha: “Que fique claro, o processo eleitoral brasileiro é auditável, íntegro e perfeitamente seguro”.
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