Quatro meses depois da tragédia que vitimou 71 pessoas, famílias de jogadores da Chapecoense mortos na queda do avião da LaMia na Colômbia buscaram assessoria de renomado escritório norte-americano para resolver o impasse de não terem recebido indenização da empresa até agora.
As viúvas de Ananias, Gil, Bruno Rangel, Gimenez, Lucas e Canela serão representadas pela Podhurst Orseck, firma com mais de 50 anos de experiência em casos que envolvem acidentes aéreos.
No Brasil, o escritório atuou nos desdobramentos de incidentes com aeronaves da TAM, em 2007, e da Air France, em 2009. Também trabalhou na queda do voo da Malaysian Airlines, em 2014.
Algumas das viúvas, como Valdécia Borges de Morais Paiva, que era casada com o volante Gil, já inclusive visitaram a sede da empresa, que fica em Miami, na Flórida.
A Podhurst vai operar em parceria com os escritórios Camilo e Martinez Advogados, de São Paulo, e Emery, de Brasília –que representam as famílias no Brasil.
A principal incumbência dos norte-americanos será conduzir negociações com a seguradora e a resseguradora da LaMia, que tem resistido em pagar indenização.
A alegação de ambas é que houve pane seca e que o avião tinha excesso de peso quando colidiu na Colômbia.
Em reunião entre as partes, a resseguradora propôs US$ 200 mil de indenização para cada família, o que foi rejeitado pelos advogados.
O seguro para ocorrências de terceiros contratado pela LaMia é de US$ 25 milhões (R$ 87 milhões), muito inferior ao US$ 1 bilhão (R$ 3,4 bi) que as empresas do setor costumam acertar habitualmente em coberturas amplas.
Agora, a Podhurst planeja apresentar novos argumentos para que o pagamento do seguro seja feito. Em cima das informações oficiais fornecidas pelas autoridades, ela vai tentar encontrar outras falhas que remetam ao fabricante da empresa ou a fornecedores de peças da aeronave.
Outra atribuição do escritório será fazer a interlocução com autoridades de outros países que fizeram parte do itinerário da Chapecoense na tragédia: Bolívia e Colômbia.
Os norte-americanos são especialistas em questões de extraterritorialidade de voo.
As viúvas de ao menos cinco jogadores que morreram no acidente aéreo acionam o clube na Justiça por direitos trabalhistas não quitados.
Elas querem que sejam pagos valores referentes a premiações e direitos de imagem nas indenizações –eles não constavam na carteira de trabalho. Valdécia, mulher do volante Gil, foi a primeira a entrar com ação e tem audiência marcada para 22 de maio, na cidade catarinense.
Famílias dos jornalistas que morreram na tragédia, que vitimou 71 pessoas no dia 29 de novembro, também já informaram que processarão a Chapecoense.
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