O Centro de Valorização da Mulher (Cevam) passou por uma reestruturação profunda que fortaleceu a unidade e transformou o local em hospital-dia. Hoje uma associação, o Cevam tem mais de 42 anos de atuação.
O Centro se consolidou como referência no acolhimento e proteção de mulheres reféns da violência e sob risco social. Com isso, hoje abriga até mulheres de outros estados.
Diferente de alguns anos, atualmente a maioria das atendidas não precisa ficar abrigada nas dependências. Muitas buscam o local para refazer a vida após sofrerem violência.
Assistências diversas
Além de assistência psicológica, jurídica e médica, o Cevam está realizando oficinas profissionalizantes, e até buscando moradia própria para várias das atendidas.
O Centro tem capacidade para 30 mulheres abrigadas e para realizar atendimentos externos para mais 175. Atualmente, 17 estão abrigadas na forma comum.
Outras mulheres três estão hospedadas sob separação completa porque vieram de outros estados. Foram trazidas pelo Ministério Público, ameaçadas de morte, mas com processos judiciais inconclusos ainda.
Outras 49 estão recebendo assistência externa pelo Programa de Atendimento à Comunidade.
Transformações no tempo
A presidente do Cevam, a jornalista Carla Monteiro, exalta as transformações que a instituição viveu nos últimos anos.
Ela cita que são várias parcerias e convênios que possibilitam um posicionamento muito positivo para o Cevam.
“Por exemplo, somos uma das poucas entidades com um Cebas (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) em dia”, aponta. O Cebas é um documento auditável que habilita entidades sem fins lucrativos a usufruírem de isenções e contribuições sociais.
Dessa forma, recursos estaduais e federais, além de doações e atendimentos gratuitos, reforçam a garantia de funcionamento do local.
Casa própria
Um exemplo de destaque, salienta ela, foi o cadastramento de 62 mulheres atendidas no Cevam para um programa que vai dar casa própria em 2025 para elas.
Além disso, quatro prefeituras da Grande Goiânia fizeram convênios reservando leitos para vítimas de violência que precisam de abrigamento, pagando o Cevam por isso.
Pioneirismo do Cevam
O Cevam foi uma das primeiras organizações não-governamentais fortes a surgir em Goiás. Foi criado em abril de 1981 pela advogada, jornalista e feminista Consuelo Nasser, já falecida.
“De 81 até 1998, o Cevam viveu uma fase conceitual. Mas depois, até 2019, viveu uma fase operacional que viabilizou o atendimento para cerca de 32 mil mulheres”, lembra Carla Monteiro.
Segundo ela, o momento mais crítico foi o da pandemia.
Igreja ajudou
Em 2020, o Cevam conseguiu atender 475 mulheres, mas no ano seguinte o número explodiu para 5.200 aproximadamente. “No período crítico tivemos ajuda da Arquidiocese de Goiânia que acolheu várias assistidas pelo Cevam em duas chácaras”, observa.
No ano passado o número continuou em ascensão, com o registro de 6.009 mulheres recebendo algum tipo de atendimento da associação.
Foco na sobrevivência
Atualmente o Centro não abriga nem assiste mais adolescentes e meninas vítimas de violência. “Esse público precisa ser atendido em outros espaços específicos para ele”, diz ela, que completa: “O foco é exclusivamente a mulher que busca sair da violência e sobreviver”.
As mães que são abrigadas com os filhos no Cevam (atualmente 8 crianças) também se tornaram responsáveis por todas as tarefas relacionadas aos filhos abrigados. No local, todos têm cama, banheiros, fazem cinco refeições por dia, têm acesso à televisão e a terapia ocupacional.
Já as oficinais atuais são de corte e costura, artesanato de caixas, cabeleireira, informática e modelagem. No início de 2024, serão ampliadas as oficinais com ofertas culturais e produção em marcenaria e serralheria.
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