A cantora islandesa Björk afirmou, em uma publicação feita nas redes sociais neste domingo (15), que já foi vitima de assédio sexual de um diretor dinamarquês, cujo nome não foi revelado.
A declaração foi feita, segundo a cantora, porque ela se sentiu “inspirada pelas mulheres que estão se expondo on-line”. Segundo ela, ao negar repetidamente as tentativas do diretor, ele se zangou e projetou “para sua equipe uma impressionante rede de ilusão” na qual era “pintada como a difícil.”
“Espero que esta declaração apoie as atrizes e atores. Há uma onda de mudanças no mundo.” Björk afirma que, após confrontar o diretor, ele passou a ter uma relação mais justa com as atrizes. “Há esperança”, escreveu.
A cantora protagonizou o filme “Dançando no Escuro” em 2000, do dinamarquês Lars von Trier. Na época, os dois tiveram problemas e a cantora chegou a afirmar que o diretor seria “louco”. Björk também já trabalhou com os diretores norte-americanos Robert Altman, Nietzchka Keene e a islandesa Kristín Jóhannesdóttir.
A revelação vem à tona enquanto diversas acusações de assédio sexual e estupro são atribuídas ao produtor Harvey Weinstein.
Leia a carta na integra:
BJORK
Estou inspirada pelas mulheres em todos os lugares que estão se expondo online para contar sobre minha experiência com um diretor dinamarquês.
Porque eu venho de um país que é um dos mundos mais próximos da igualdade entre os sexos e no momento em que eu venho da posição de força no mundo da música com independência conquistada, ficou extremamente claro para mim, quando entrei na profissão de atriz, que minha humilhação e papel como algum subordinada sexualmente assediada era a norma e se colocava em pedra com o diretor e uma equipe de dezenas de pessoas que o capacitaram e encorajou.
Eu percebi que é uma coisa universal que um diretor possa tocar e assediar suas atrizes à vontade e a instituição do filme o permite.
Quando eu desviei do diretor repetidamente, ele se irritou, me castigou e criou para sua equipe uma impressionante rede de ilusão onde eu estava pintada como a difícil.
Por causa da minha força, minha grande equipe e porque não tinha nada para perder por não ter ambições no mundo da atuação, afastei-me e recuperou-me em um ano.
Estou preocupada com o fato de que outras atrizes trabalhando com o mesmo homem não fizeram o mesmo.
O diretor estava totalmente ciente desse jogo e estou certa de que o filme que ele fez depois foi baseado em suas experiências comigo. Porque eu era o primeiro que se deparou com ele e não o deixou fugir.
E na minha opinião, ele teve um relacionamento mais justo e significativo com suas atrizes depois do meu confronto, então há esperança. Espero que esta declaração apoie as atrizes e atores de todo o mundo.Vamos parar isso. Há uma onda de mudanças no mundo.
(Folhapress)
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