A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, já repercute internacionalmente. O homem, que tinha esquizofrenia diagnosticada, foi preso por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em uma viatura onde detonaram bombas de gás lacrimogênio na última quarta-feira (25), fez com que a vítima morresse asfixiada, segundo laudo do IML. Caso se tornou destaque de veículos de comunicação de fora do Brasil como The Guardian, The Washington Post, Le Parisien, La Nacion, CNN, BBC e Aljazeera.
As reportagens lembram, inclusive, que caso ocorrido no Brasil foi no mesmo dia em que a tragédia com George Floyd, nos Estados Unidos, completava dois anos. Mas as coincidências não param no dia e na morte, mas sim, como lembram os jornais, se trata de violência policial contra homens negros. Os veículos chegaram a usar o termo “chamber of gás”, câmara de gás em português, também usado por internautas para se referir a crueldade.
No caso de Floyd, um policial ficou por mais de 9 minutos com o joelho pressionando seu pescoço, enquanto o imobilizava em uma ação que ocorreu no dia 25 de maio de 2020. O agente Derek Chauvin, flagrado sobre o norte-americano em imagens feitas por testemunhas, foi condenado a 22 anos de prisão pelo crime. No Brasil, por enquanto, os policiais envolvidos foram afastados do caso.
Relembre
Segundo testemunhas, Genivaldo Santos foi abordado pelos agentes da PRF na tarde de quarta (25), em Umbaúba, no Sergipe, enquanto pilotava uma motocicleta sem capacete. Como a abordagem acabou com a vítima presa na viatura, uma pessoa do local fez imagens que mostram mostram policiais tentando imobilizar genivaldo ao encontrarem uma cartela de remédios com ele.
O sobrinho da vítima, Wallison de Jesus, que estava perto do tio no momento em que ele foi abordado pelos policiais chegou a dizer que o tio tinha transtornos mentais. Mesmo com os avisos, porém, os agentes continuaram imobilizando Genivaldo até decidirem colocá-lo no porta-malas da viatura. Apenas em outro vídeo que circulou na internet, é possível ver o momento em que uma fumaça sai da viatura enquanto Genivaldo está dentro do carro, onde morreu momentos depois. Ele deixou uma mulher e um filho de sete anos.
Protesto
O episódio gerou protesto na manhã desta sexta-feira (27). Um ato realizado pelo movimento negro em São Paulo pediu justiça pela morte de Genivaldo. O protesto reuniu mais de uma centena de pessoas em frente à sede da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O ato aconteceu pela manhã e reuniu lideranças, parlamentares, sindicalistas, religiosos e representantes de diversas entidades do movimento negro organizado.
Os manifestantes chegaram a bloquear o portão principal da sede da PRF e fixaram cartazes e faixas que diziam “PRF Mata”, “Não Consigo Respirar”, “Sergipe mostra o caminho” e “Tomar as ruas por justiça por Genivaldo”. Além deste protesto, perto do local onde a vítima morreu, houve um grande protesto ontem realizado por amigos, parentes e moradores.