Neste domingo (25), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, para ato em sua defesa contra as investigações por suposta trama de golpe de Estado. Em seu discurso, como prometido, Bolsonaro não citou o Supremo Tribunal Federal (STF), nem seus adversários políticos, afirmou que busca “pacificação” e negou a suposta tentativa de golpe.
O ex-presidente chegou à manifestação acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por volta das 14h40. Antes disso, almoçou com os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).
Em seu discurso, que aconteceu somente por volta das 16h30, Bolsonaro se eximiu de citar os adversários, não fazendo qualquer menção ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nem ao ministro do STF, Alexandre de Moraes. Sobre o suposto envolvimento em trama para golpe de Estado, ele destacou: “Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração, é trazer a classe política para o seu lado, empresários. Nada disso foi feito no Brasil”, disse.
Sem mencionar nomes, se defendeu das alegações de que confabulou junto a seus ministros para que Lula não assumisse a presidência.“Não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja, a não ser por um motivo justo”. E acrescentou: “Não podemos pensar em ganhar as eleições afastando um adversário do cenário político”. Ainda em investigação da Polícia Federal, Bolsonaro preferiu silenciar sobre algumas questões.
Teria muito a falar, tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar uma maneira de nós vivermos em paz
Jair Bolsonaro
O ato de Bolsonaro começou às 15h, iniciando com oração de Michelle Bolsonaro (PL), e finalizou mencionando Israel em seu discurso. “Abençoamos Israel, em nome de Jesus”. Em sua fala, a ex-primeira-dama também fez referência às mulheres na política. “Como é difícil para nós mulheres estarmos à frente na política, o assassinato da nossa reputação é diário”, disse a presidente do PL Mulher, que terminou o discurso em lágrimas. Bolsonaro e sua esposa seguravam a bandeira de Israel, vestidos de verde e amarelo.
Contrariando os pedidos de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia, um dos principais organizadores e financiadores da manifestação, criticou várias vezes o STF e o ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação de Bolsonaro. Em seu discurso, Malafaia afirmou existir uma “engenharia do mal” para prender o ex-presidente.
Eu não vim aqui atacar o Supremo Tribunal Federal, porque quando você ataca uma instituição, você é contra a Constituição e o Estado Democrático de Direito. Vou mostrar para vocês a engenharia do mal para querer prender Jair Messias Bolsonaro
Silas Malafaia
Outros apoiadores políticos do ex-presidente também discursaram, como o governador de São Paulo, que agradeceu o apoio do ex-presidente durante sua campanha, mas nenhum deles chegou a mencionar a atuação dos agentes de investigação. Desta vez, atendendo a pedidos de Bolsonaro, os manifestantes bolsonaristas não destacaram faixas nem cartazes atacando Lula, nem o Supremo. Em meio aos presentes, muitas bandeiras de Israel, remetendo à recente fala polêmica envolvendo o presidente Lula.
Segundo estimativas da Polícia Militar, a expectativa era de reunir 500 mil pessoas no ato. O esquema de segurança contou com 2 mil oficiais na Avenida Paulista, além de agentes infiltrados no meio dos apoiadores e do uso de câmeras e drones para auxiliar na fiscalização.