O artista do Vale do Araguaia Hal Wildson, representado pela Galeria Lume, de São Paulo, ganhará uma exposição individual em Londres, após seu projeto ser selecionado pelo júri do BREEZE 2024. O BREEZE, uma iniciativa da Embaixada do Brasil em Londres que promove a arte contemporânea brasileira a um público global, oferece a oportunidade para galerias brasileiras realizarem exposições durante a temporada de arte do Reino Unido.
Esta será a primeira exposição solo de Hal Wildson fora do Brasil. Na oportunidade, o artista levará sua arte que apresenta a ideia do reflorestamento como inspiração para pensar o passado e o futuro do Brasil e criar alternativas mais gentis e sábias à deterioração social e aos sistemas de opressão. A expectativa é de que a exposição seja exibida em Londres entre os dias 26 de setembro e 31 de outubro.
“Me sinto muito feliz de poder levar esse projeto para fora do país. A minha ‘Re-Utopya’ é parte dessa ideia de reflorestar o imaginário com novas possibilidades de futuro. O mundo vive um momento de incertezas sobre os próprios projetos de futuro e com o crescimento de um pensamento reacionário no mundo e a neoliberalismo transformando florestas em mercadorias, é urgente intervir de todas as formas possíveis. E, uma das maneiras pelas quais faço isso, é pela arte”, disse o artista ao Diário de Goiás.
Além do prêmio BREEZE 2024, Hal Wildson também terá obras expostas na Lucca Biennale Cartasia entre junho e setembro em Lucca, na Itália. O evento é uma exposição de arte, arquitetura, cultura, filosofia e formação que combina papel, um material antigo e moderno, com qualidade e bem-estar. A exposição inclui escultura, moda, videoarte, performances, encontros, workshops, novas técnicas e usos inovadores de artistas de todo mundo.
O artista Hal Wildson nasceu em 1991 no Vale do Araguaia, região fronteiriça entre Goiás e Mato Grosso, conhecida como rota e porta de entrada da Amazônia Legal, e local determinante por compreender a essência e as motivações de seu trabalho. Inspirado pelo que viveu, ele investiga a construção das ideias do Brasil confrontando diversos projetos de identidade, memória e esquecimento que sustentam a história oficial, enquanto busca respostas sobre suas próprias origens.
O local e história das raízes de Hal Wildson também contemplam uma estrutura familiar moldada pela violência e pelo abandono, que complementam a história e obra do artista, que aproveita para denunciar temas de um Brasil deixado para trás, as consequências do coronelismo – o domínio dos coronéis locais, figuras do poder atávico – e da mineração nas margens do Rio Araguaia. Ao tentar escapar a um destino de exclusão social e invisibilidade, descobriu um projecto de país sustentado pela violência do esquecimento.