O Brasil observou as empresas aéreas “low cost”, que promete passagens com preços mais baratos que as companhias tradicionais, perder trajetos para a Europa e se concentrar na América Latina. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirma que apenas cinco companhias, todas internacionais, operam voos “low cost” no país. As informações são da Folha de São Paulo.
Apenas a Air Europa oferece rotas para a Europa, sendo dois trajetos que ligam Guarulhos e Salvador ao aeroporto internacional de Madri, o Adolfo Suárez. Já as outras quatro empresas são Arajet, Flybondi, JetSmart e Sky Airline, que operam voos para a Argentina, Chile, Uruguai, Peru e República Dominicana.
De acordo com a Anac, está previsto para 2024 o começo da operação da Sky Airline em Confins (Minas Gerais) e de Brasília para Santiago, do Rio de Janeiro para Lima e Rio de Janeiro para Montevidéu.
Exemplos de empresas “low cost” que resolveram sair do Brasil durante a pandemia foram a alemã Condor e a Norwegian. Segundo a Anac, a Confor atuou no país de março de 2018 a novembro de 2019, legando os terminais de Recife e Fortaleza a aeroportos em Frankfurt e Munique, na Alemanha.
Já a empresa norueguesa Norwegian, também “low cost”, deixou de fazer o trajeto Galeão, no Rio de Janeiro, para o aeroporto Gatwick, em Londres, no período pandêmico.
Para a Folha, o economista Claudio Frischtak, da Inter.B Consultoria, relatou que o Brasil vive um cenário que dificulta a chegada de companhias aéreas “low cost” no Brasil, com problemas macroeconômicos, complexidade tributária e insegurança jurídica.
“É uma tempestade perfeita. Para as empresas que não são ‘low cost’ operando aqui, já é um ambiente muito difícil, por causa dessas condições. Houve um choque pandêmico, um surto inflacionário que levou ao aumento dos juros. O custo de capital aumentou, e as empresas são muito sensíveis a isso”, afirma.
Déficit
Segundo o diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Dany Oliveira, o mercado aéreo brasileiro apresenta déficit em relação a outros países devido ao custo de combustível e judicialização, por exemplo.
“Uma ‘low cost’ precisa ter um modelo de negócio que vai trabalhar com volume, porque a margem dela é muito pequena. A empresa tenta minimizar o seu custo ao máximo. Assim, ela consegue oferecer esse produto diferenciado, mais barato para os passageiros”, analisa.
Novas rotas
A empresa dominicana Arajet, que começará a operar no Brasil, relatou para a Folha que o Brasil teve o melhor desempenho nos últimos meses do ano passado, com a rota entre Santo Domingo e São Paulo. Segundo eles, até junho, os assentos disponíveis para o trajeto vão crescer de 560 para 980 poltronas.
A empresa, que prefere ser chamada de “empresa aérea de preços baixos” em vez de “low cost”, afirmou ainda que há possibilidade de novos trajetos com destino a outras cidades brasileiras, mas é uma estratégia a longo prazo.
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