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Categorias: Brasil
| Em 6 anos atrás

Bolsonaro segue passos de Trump e adota rede social para discursar

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A admiração do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) pelo americano Donald Trump não se resume apenas a adotar uma estratégia de campanha parecida ou medidas controversas, como transferir para Jerusalém a embaixada brasileira em Israel.

A inspiração chega ao ponto de influenciar o método usado pelo brasileiro para se comunicar: em vez de meios de comunicação tradicionais, as redes sociais. A exemplo do que acontece nos Estados Unidos, o Brasil caminha para ter um tuiteiro em chefe, apelido que Trump recebeu de críticos e adversários.

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Nos Estados Unidos, imprensa e população descobriram que a melhor forma de saber o que o presidente está pensando é acessando o Twitter –a qualquer hora do dia.

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A rede social é usada pelo americano para se manifestar sobre todos os assuntos, como imigração, eleições legislativas e opositores.

Quando decide atacar alguém, é igualmente direto. Quando o senador Ted Cruz era adversário nas primárias republicanas, em 2016, era “Ted mentiroso”; hoje, aliado, é o “Ted bonito”.

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Hillary Clinton, rival derrotada pelo republicano há dois anos, é “Crooked Hillary” (algo como “Hillary desonesta”).

Os seguidores do perfil do americano somam 55,6 milhões. Um dia antes de ser eleito, em 2016, eram 19 milhões.

O número de mensagens também é expressivo: até esta sexta (2), foram 39,5 mil tuítes -o primeiro deles, em 2009.

A atividade do republicano na rede social é tão intensa que a emissora CNN, uma das que estão no rol denominado por Trump como ‘Mídia Fake News’, fez uma página na internet em que compila todas as mensagens. O nome: Todos os tuítes do presidente.

Por que tanta mensagem? Nas palavras do presidente, em tuíte de dezembro de 2017: “É a única forma de lutar contra uma ‘imprensa’ MUITO desonesta e injusta, agora regularmente referida como Mídia Fake News. ‘Fontes’ falsas e inexistentes são usadas mais comumente do que nunca. Muitas histórias e reportagens que são pura ficção!”

Bolsonaro ainda não publicou um manifesto parecido e, no Twitter, está engatinhando tanto no alcance quanto na interação com os seguidores à la Trump. O presidente eleito tinha 2,27 milhões de seguidores, e 5.428 tuítes até a última sexta.

Enquanto este texto era escrito, na última sexta, um dos últimos era: “Desautorizo informações prestadas junto à mídia [sic] por qualquer grupo intitulado ‘equipe de Bolsonaro’ especulando sobre os mais variados assuntos, tais como CPMF, Previdência, etc”.

Foi pelo Twitter que Bolsonaro anunciou a indicação do astronauta Marcos Pontes como ministro da Ciência e Tecnologia e que o juiz Sergio Moro aceitou o convite para o Ministério da Justiça.

Para Richard Perloff, professor de comunicação, psicologia e ciência política da Universidade Estadual de Cleveland, o objetivo de ambos, ao usar a rede social, é estabelecer uma relação de proximidade com o público, sem intermediação, e impulsionar sua agenda política.

“Você fala de uma maneira pessoal com seus seguidores e traça uma linha imaginária ao redor da mídia tradicional”, diz. “É bom para os políticos. Mas o problema é se a informação que o público receber vier apenas do Twitter e se não houver checagem dos fatos.”

Para o professor, o Twitter amplia a mensagem dos presidentes, por ser uma rede social que exige textos curtos (280 caracteres) e que apela “para a falta de foco” que as pessoas têm ao usar mídias sociais.

No caso de Trump, diz, “ele está dando às pessoas o que quer, apela aos piores instintos delas quando escreve no Twitter”. Sobre a parte da agenda política, a rede social é usada por Trump majoritariamente para pautar a mídia, na avaliação do especialista.

Presidentes assíduos nas redes sociais

Como usam

Trump

Manifesta-se no Twitter sobre todos os assuntos, como imigração e eleições legislativas.

Também são frequentes críticas a opositores e ataques a meios de comunicação

Bolsonaro

Com poucas agendas públicas na reta final da campanha, usou a rede social para divulgar propostas de governo e atacar adversários. Após a eleição, anunciou ministros pelo Twitter

55,6 milhões

seguem Trump no Twitter

2,27 milhões

seguem Bolsonaro na rede social

(Folhapress) 

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