O presidente da República, Jair Bolsonaro, em um churrasco no quartel-general do Exército, em Brasília, disse neste sábado (31/08) que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, ainda “é ingênuo” e que lhe “falta malícia”. Também destacou que não há “nenhum compromisso” dele com Moro no que diz respeito à indicação do ex-juiz à uma das vagas no Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são do Estadão.
Antes, Bolsonaro dava certeza na indicação de Moro a uma das duas vagas que serão abertas no STF até o fim de seu mandato. Em entrevista à Rádio Bandeirantes no dia 12 de maio, o presidente da República disse que iria indicar o ex-juíz que tinha aberto mão de 22 anos de magistratura. “Eu fiz um compromisso com ele, porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura. Eu falei: a primeira vaga que tiver lá, vai estar à sua disposição”, disse Bolsonaro à época.
No entanto, no churrasco deste sábado Bolsonaro mudou o tom. “Não existe nenhum compromisso meu com Moro”, afirmou Bolsonaro. “Tem que ver. Como o Senado avaliaria ele hoje?”, questionou.
Quem passa a ganhar forças no sentido de ser indicado é o advogado-geral da União, André Mendonça. Ele se encaixa no perfil de ministro “tremendamente evangélico” que Bolsonaro vem flertando.
A declaração vem num contexto de aparente crise entre Sérgio Moro e o presidente da República. Apesar de alegar que a relação dos dois anda muito bem obrigado, algumas ações do presidente no sentido de minimizar a atuação de Moro tem sido identificadas: ontem (30/08) a coluna Radar da Veja afirmou que Bolsonaro não ficou nenhum pouco satisfeito com a ajuda policial que Moro autorizou ser enviada do Ceara. O problema é que o Estado é governado por Camilo Santana, do PT, partido inimigo mortal pelo presidente da República. A ajuda, enviada sem aviso prévio ao presidente, foi enviada ainda no incio da gestão. Bolsonaro ficou contrariado já ali.
Ainda ontem, um personagem envolvido diretamente na crise entre presidente e ministro, o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, foi exonerado do cargo. A troca de Saadi foi antecipada por Bolsonaro que surpreendeu a cúpula da Polícia Federal que defendeu o agora ex-superintendente dizendo que a substituição não tinha “qualquer relação com o desempenho”. Bolsonaro passou à frente de Moro no melhor estilo “quem manda sou eu”.