Um dia após conceder, por decreto, graça (perdão) ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão por ameaças à Corte e ao regime democrático, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não se manifestou sobre o caso na manhã desta sexta-feira, 22, ao participar de uma cerimônia militar da na base aérea de Santa Cruz, na zona oeste do Rio.
Sem discursar nem dar entrevistas, Bolsonaro ficou ao lado do governador Cláudio Castro (PL), do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos Almeida Baptista Junior e ministros de Estado, durante o batismo operacional dos aviões Gripen, integrados à Força Aérea Brasileira, no Dia da Aviação de Caça.
Bolsonaro é alvo de questionamentos de parlamentares e juristas após o STF condenar Silveira por incitar agressões a ministros e atentar contra a democracia. O deputado, que é aliado do presidente da República, defendeu, em vídeos, o fechamento da Corte. Foram dez votos pela condenação e um pela absolvição.
Silveira elegeu-se em 2018, após ganhar projeção ao participar, na campanha eleitoral, de ato em que, ao lado de outros políticos, quebrou uma placa com o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL). Marielle e o motorista Anderson Gomes tinham sido mortos a tiros em março do mesmo ano, em crime ainda não totalmente esclarecido.
Na manhã desta sexta, a Rede Sustentabilidade protocolou ação no STF pedindo que a Corte torne nulo o ato de Bolsonaro. O partido reconhece que o presidente da República tem o direito constitucional de conceder perdão a um condenado pela Justiça, mas esse direito, sustenta, não pode ser desvirtuado para fins pessoais.
Na noite de quinta, 21, Bolsonaro participou da live semanal e voltou a desafiar o Supremo: “Este é um decreto que vai ser cumprido”, afirmou.
A cerimônia nesta sexta-feira, na base aérea de Santa Cruz, contou com voos de demonstração das aeronaves F-39 Gripen, F-5 Tiger e A-29 Super Tucano. O presidente desembarcou no Rio por volta das 9h30. Ele deve embarcar da capital fluminense para Porto Seguro, na Bahia. (Por Rayanderson Guerra/Estadão Conteúdo)