O Sindicato das Universidades Federais de Goiás (Adufg) classificou como antidemocrática a decisão do governo federal em nomear Angelita Lima para a reitoria da UFG. A portaria com a nomeação foi publicada na segunda-feira (10) e surpreendeu a comunidade acadêmica.
Ao DG, o presidente da Adufg, Flávio Alves da Silva, afirmou que o presidente Jair Bolsonaro mantém uma modus operandi para tentar desestabilizar o funcionamento das universidades públicas federais.
“Ele tem feito isso nos últimos anos com todas as universidades, não respeitando a lista tríplice. A professora Sandramara foi eleita numa consulta, ganhando nos três segmentos. Foi uma conduta muito antidemocrática e ele vem fazendo isso. Sabíamos que isso poderia acontecer. Mas chateou bastante toda a comunidade acadêmica. A comunidade votou no projeto da professora Sandramara. Não votamos no projeto da professora Angelita. Sim, ela compunha lista tríplice, mas a tradição sempre foi o primeiro da lista, pois é a pessoa que a comunidade acadêmica escolheu”, destacou.
O dirigente sindical ressaltou que, como o Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governo escolha o reitor entre os indicados da lista tríplice, não há medida judicial a se tomar. “Legalmente, não tem o que fazer. Ele nomeou dentro da lista tríplice, o que determina o STF. Vamos solicitar que ele reverta essa indicação. Mas sabemos que o governo está se lixando, mas é nosso papel”, frisou.
Flávio ainda avalia que a decisão cria turbulência política, administrativa e acadêmica. “Traz instabilidade para a universidade. É algo que começa do zero, um novo projeto que vai dirigir a universidade”, destaca.
“Terrivelmente petista”
A professora Angelita Lima é filiada ao PT e até mesmo já se candidatou pelo partido. O presidente da Adufg brincou com a situação, ao comparar a nomeação dela com a indicação de André Mendonça ao STF.
“A professora Angelita, todos sabem, é filiada ao PT. É terrivelmente petista. Até brinco que o presidente Bolsonaro gosta do ‘terrivelmente’. Colocou um terrivelmente evangélico no STF e agora colocou uma terrivelmente petista para dirigir a UFG”, disse.
Apesar da indignação da comunidade acadêmica, o presidente da Adufg diz que Angelita não vai recuar. “A professora Angelita foi pega de surpresa. Mas, diante da situação, ela não tem como recuar. Isso significaria deixar o governo nomear um interventor dentro da universidade, o que não queremos”, reforça.
Alves ainda considera que o governo “calculou errado” a nomeação da diretora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC). “Se ele acha que vai prejudicar a universidade. Sandramara nunca foi ligada a partido político algum. A instabilidade foi criada, mas a professora Angelita coordenou a campanha da professora Sandramara. Ele erra. Isso que ele faz vai deixar a comunidade acadêmica com mais raiva dele”, avalia.
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