Os tradicionais desfiles cívico-militares do dia 7 de setembro em comemoração aos 200 anos da Independência do Brasil, se tornou instrumento para o presidente Jair Bolsonaro (PL) promover sua campanha à reeleição diante de milhares de apoiadores. Situação esta, segundo especialistas políticos, que o país não registrava desde quando se tornou uma democracia.

Bolsonaro virou alvo de críticas ao usar o palco do evento na Esplanada dos Ministérios, em Brasília para produzir uma espécie de propaganda eleitoral. Especialistas em direito eleitoral disseram, ao site UOL, que a atitude do presidente pode ser configurada como abuso de poder político e econômico.

Publicidade

Ao Diário de Goiás, o cientista político Guilherme Carvalho, destaca que Bolsonaro foi anti-republicano quando ele utiliza de um evento de Estado para promover sua campanha.

Publicidade

”Ele atenta contra os valores da república brasileira e da própria nação. De modo geral, é mais um dos grandes abusos que o presidente comete contra as instituições brasileira e a própria nacionalidade”, completa Guilherme.

Publicidade

Durante discurso em Brasília e Rio de Janeiro, Bolsonaro usou o palanque para tratar sobre sua campanha à reeleição e levantou temas como a proibição ao aborto, o combate à ideologia de gênero, fez ataques à imprensa, à esquerda e ao Movimento dos Sem-Terra (MST). Além disso, o presidente puxou um coro ”imbrochável”.

NÃO DEIXE DE LER: Discurso de Bolsonaro no sete de setembro mistura campanha eleitoral e coro de “imbrochável”

Publicidade

Ao lado de Michelle Bolsonaro e do empresário Luciano Hang, dono da Havan, Bolsonaro fez declarações polêmicas. O presidente chegou a fazer comparações entre as primeiras-damas, sem citar nomes, fazendo alusão a esposa de Lula, Rosângela da Silva, a Janja. “Podemos fazer várias comparações, até entre as primeiras-damas. Não há o que discutir. Uma mulher de Deus, família e ativa em minha vida”, disse se dirigindo a esposa Michelle.

Impactos do 7 de setembro

Conforme explica o cientista político Guilherme Carvalho, o impacto dos atos de 7 de setembro deste ano, foi novamente a mesma coisa de 2021. Segundo Guilherme, neste ano Bolsonaro teve a intenção de ser um último ato de campanha.

”Um último grande ato de campanha de Bolsonaro, um último grande evento em que ele pôde usar um evento cívico da nação e reverter isso tudo para uma agenda dele”, destaca.

Segundo Guilherme para se pensar em impactos, primeiro é preciso ver os efeitos das pesquisas onde elas vão mensurar a opinião dos eleitores após este momento. Hipótese esta, que, segundo Guilherme fez muita pouca diferença por que as pessoas que estavam lá, já fazem parte da base bolsonarista. De acordo com ele o que está em discussão agora são os indecisos, ou seja, os que não votam no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e em nenhum outro candidato.

Portanto, Guilherme ressalta que Bolsonaro não alcance estes eleitores [indecisos], com estes eventos. ”Não são eleitores que ainda não decidiram o voto e não deixariam se influenciar por este tipo de evento porque são eleitores que tem um perfil de, ou estarem desagradados com o desempenho de governo devido a falta de políticas públicas, ou desiludidos da política como um todo”, completa.

Candidatos presidenciáveis repudiam

Após a polêmica, os demais candidatos à Presidência da República se posicionaram contra Jair Bolsonaro em atos do dia 7 de setembro. A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alega que o presidente fez uso eleitoral da máquina pública nas comemorações de 200 anos de Independência do Brasil e diz que Bolsonaro realizou um megacomício como candidato.

Lula apontou ainda que, quando foi presidente, nunca usou “um dia da pátria, do povo brasileiro” como “instrumento de política eleitoral”.

Já a equipe jurídica de Ciro Gomes, do PDT, afirmaram que estão preparando uma ação pelos atos de 7 de setembro. Ciro disse que Bolsonaro transformou um ato cívico em um comício com milhões de recursos públicos envolvidos.

Simone Tebet (MDB), afirmou que Jair Bolsonaro cria crises artificiais todos os dias e que o o presidente não conhece os problemas dos brasileiros. ”O Brasil precisa de paz para poder olhar claramente para os problemas reais do Brasil. É uma crise artificial todos os dias sendo criada como uma cortina de fumaça de um homem que não sabe, não conhece os problemas do Brasil”.

A candidata do União Brasil, Soraya Thronicke disse que vai pedir para que o tempo de propaganda em TV e rádio de Bolsonaro seja redistribuído aos demais concorrentes.

Publicidade