05 de dezembro de 2025
LÁGRIMAS E LIMITES

Bolsonaro chora em culto após Moraes negar prisão, mas alertar sobre uso de redes

Durante culto em Taguatinga, ex-presidente se emociona enquanto STF esclarece limites de entrevistas e reforça risco de prisão
Jair Bolsonaro chora no culto - Foto: reprodução de vídeo / CNN Brasil
Jair Bolsonaro chora no culto - Foto: reprodução de vídeo / CNN Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou durante uma pregação nesta quinta-feira (24) durante um culto evangélico na Igreja Catedral da Benção, em Taguatinga (DF).  O momento de comoção foi próximo do horário em que se tornou pública a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) de que não iria determinar a prisão de Bolsonaro.

Embora se declare católico, o ex-presidente se ajoelhou chorando e deu glórias, em gestual típico dos evangélicos. A ida de Jair Bolsonaro ao culto foi liderada pelo pastor Jair de Oliveira.

O ex-presidente se deslocou dentro do horário permitido pelas medidas cautelares impostas na sexta-feira (18). Bolsonaro esteve no local acompanhado do senador Magno Malta (PL-ES).

No momento, Bolsonaro vive o contexto das restrições de liberdade por meio das medidas cautelares impostas pelo ministro, entre as quais havia a dúvida se poderia conceder entrevistas.

“Justiça é cega, mas não é tola”, diz Moraes

O ex-presidente está impedido de sair de Brasília e desde sexta-feira usa uma tornozeleira eletrônica que monitora seu deslocamento. Ele é obrigado a ficar em casa entre 19h e 6h, não pode utilizar as redes sociais, inclusive de terceiros, nem se aproximar de embaixadas, pois havia suspeitas de que poderia se refugiar no território de outro país para fugir das eventuais punições na ação penal do golpe, que está em final de tramitação no STF.

Sobre conceder entrevistas, o ministro esclareceu nesta quinta que o ex-presidente não está proibido, e nem de discursar em público. Mas ele alertou que o conteúdo não pode ser usado para burlar restrição às redes sociais. Moraes advertiu: “Justiça é cega, mas não é tola”, sinalizando que um descumprimento pode levar à prisão.

Moraes explicou a situação em resposta aos embargos de declaração – pedido de esclarecimentos sobre ordens da Justiça – apresentados pela defesa ante a dúvida sobre a extensão do despacho que ameaçou Jair Bolsonaro de prisão caso suas declarações fossem reproduzidas por terceiros nas redes sociais, como ocorreu no final semana.

“Em momento algum Jair Messias Bolsonaro foi proibido de conceder entrevistas ou proferir discursos em eventos públicos, ou privados, respeitados os horários estabelecidos nas medidas restritivas”, explicou o ministro.

Por outro lado, ele alertou para a possibilidade de prisão preventiva. Moraes citou que “não seria lógico e razoável permitir a utilização do mesmo modus operandi criminoso com diversas redes sociais de terceiros, em especial por milícias digitais e apoiadores políticos”, segundo ele, para divulgar condutas ilícitas, ainda que sejam em entrevistas, com o objetivo de instigar chefe de Estado estrangeiro a interferir no processo judicial.

Assediado por jornalistas com que vinha falando mesmo após as restrições, Bolsonaro parou de responder nos últimos dias temendo ser preso por ordem de Moraes.  


Leia mais sobre: / / / / / Política