O presidente Jair Bolsonaro ainda não sabe qual nome lhe dará palanque em Goiás em 2022. O pretenso candidato Major Vitor Hugo tem encontrado dificuldades em se colocar como nome viável no PL, partido que abrigou Bolsonaro e poderia também filiar o deputado. Por outro lado, crescem especulações sobre um eventual apoio do presidente ao senador Vanderlan Cardoso.
O PL diz que vai apoiar o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, independentemente da filiação dele ao partido. Vitor Hugo não permanecerá no PSL, que se fundirá ao DEM para formar o União Brasil, presidido pelo governador Ronaldo Caiado em Goiás.
Na casa que lhe seria a mais provável, integrantes dizem, reservadamente, que uma insistência de Vitor Hugo em lançar-se ao governo do estado pode culminar numa derrota do bolsonarismo em Goiás até mesmo para o PT. A cúpula da sigla em território goiano tem tentado dissuadir o presidente da ideia de levar a pré-candidatura do parlamentar adiante.
Na tentativa de se viabilizar, Vitor Hugo tem mantido diálogo com Bolsonaro, que recentemente o elogiou em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Apesar do apoio do presidente, lideranças políticas de Goiás veem pouca viabilidade de uma candidatura do parlamentar. Ele é tratado como um nome desconhecido.
Nas palavras de líderes partidários ouvidos pelo DG, “elegeu-se na esteira da popularidade de Delegado Waldir”, que foi o mais bem votado em 2018 e possibilitou o ingresso de Vitor Hugo na Câmara dos Deputados.
O cientista político Guilherme Carvalho também vê poucas chances de uma candidatura bolsonarista encabeçada por Vitor Hugo. Apesar disso, ele lembra que se houver a constituição de uma federação partidária envolvendo PL e Republicanos, por exemplo, poderia haver espaço para duas chapas diversas ao governo do estado.
“Se isso acontecer, não necessariamente o candidato teria que vir do PL. Os partidos poderiam lançar candidaturas diferentes para o executivo estadual”, comenta. Carvalho ainda diz que as costuras de Magda Mofatto para lançar Mendanha importam mais nesse contexto que a pressão do presidente. “Nesse momento, acho que a montagem de Magda a nível local importa mais que a construção nacional. Ainda vejo com ceticismo uma candidatura de Vitor Hugo. Minha intuição diz que ele não deve ser candidato”, avalia.
Vários políticos goianos já não descartam uma candidatura de Vanderlan Cardoso e até mesmo veem-na como provável. No MDB, por exemplo, Carlos Júnior e Henrique Arantes já deram declarações nesse sentido.
O senador não expressou claramente, em nenhum momento, a intenção de se tornar um candidato ao governo. Porém, o mundo político vê como um sinal carreatas e eventos que Vanderlan tem participado com prefeitos no interior do estado.
Para Carvalho, o apoio de Bolsonaro a Vanderlan faria sentido, uma vez que o senador tem uma base evangélica, eleitorado que o presidente tenta cativar, e vem do empresariado. “Tem o perfil que agrada o eleitor bolsonarista”, analisa.
Para o cientista político, uma saída do senador da base caiadista seria natural. “Tem gente demais dentro dessa aliança. Faz total sentido a saída da base de Caiado para que ele lidere esse projeto”, argumenta.
Vanderlan seria um candidato mais competitivo, embora ainda tenha que resolver dois problemas, segundo o analista. “Vanderlan se destaca por ser um candidato sem grupo político. Ele nunca consegue montar o próprio grupo político. Esse é o motivo das derrotas dele. Ele passa uma sensação de que não consegue ser constância no projeto político”, aponta.
O outro entrave seria convencer o PSD a se opor a Caiado, caso o governador confirme Henrique Meirelles na chapa majoritária. “Isso é um grande problema. Não vejo Meirelles sendo candidato ao Senado em um palanque bolsonarista”, diz Carvalho. No entanto, para o cientista político, se ele conseguir unificar uma base bolsonarista em Goiás em torno do nome dele, pode ser um candidato forte.
“É claro que Bolsonaro está monitorando, fazendo pesquisas e vendo que ele (Vitor Hugo) não é um candidato competitivo para levar as bandeiras do presidente em Goiás. Para um palanque mais abrangente, faz todo sentido buscar candidatos com maior maleabilidade e não só numa ala puramente bolsonarista como seria com Vitor Hugo”, finaliza.
O DG procurou o deputado Vitor Hugo, mas não obteve resposta. Porém, em novembro, ele havia dito que, com ou sem sua candidatura ao governo estadual, o objetivo “é manter um presidente de direita, honesto, patriota, cristão à frente do nosso país para que possamos aos poucos fazer com que as pautas conservadores sejam implementadas em nosso país.”
O deputado disse ainda que o bolsonarismo tem força em Goiás e poderia levar um nome da vertente à vitória. “Torço para que ele queira uma via própria porque há um espaço e uma ânsia dos eleitores de direita se verem representados aqui no estado.”