19 de novembro de 2024
Política

Ainda sem nome, bolsonarismo pode ir de Vitor Hugo a Vanderlan em Goiás

Bolsonaro e Vitor Hugo: deputado busca apoio para lançar-se ao governo. (Foto: Reprodução)
Bolsonaro e Vitor Hugo: deputado busca apoio para lançar-se ao governo. (Foto: Reprodução)

O presidente Jair Bolsonaro ainda não sabe qual nome lhe dará palanque em Goiás em 2022. O pretenso candidato Major Vitor Hugo tem encontrado dificuldades em se colocar como nome viável no PL, partido que abrigou Bolsonaro e poderia também filiar o deputado. Por outro lado, crescem especulações sobre um eventual apoio do presidente ao senador Vanderlan Cardoso.

O PL diz que vai apoiar o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, independentemente da filiação dele ao partido. Vitor Hugo não permanecerá no PSL, que se fundirá ao DEM para formar o União Brasil, presidido pelo governador Ronaldo Caiado em Goiás.

Na casa que lhe seria a mais provável, integrantes dizem, reservadamente, que uma insistência de Vitor Hugo em lançar-se ao governo do estado pode culminar numa derrota do bolsonarismo em Goiás até mesmo para o PT. A cúpula da sigla em território goiano tem tentado dissuadir o presidente da ideia de levar a pré-candidatura do parlamentar adiante.

Na tentativa de se viabilizar, Vitor Hugo tem mantido diálogo com Bolsonaro, que recentemente o elogiou em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. Apesar do apoio do presidente, lideranças políticas de Goiás veem pouca viabilidade de uma candidatura do parlamentar. Ele é tratado como um nome desconhecido.

Nas palavras de líderes partidários ouvidos pelo DG, “elegeu-se na esteira da popularidade de Delegado Waldir”, que foi o mais bem votado em 2018 e possibilitou o ingresso de Vitor Hugo na Câmara dos Deputados.

O cientista político Guilherme Carvalho também vê poucas chances de uma candidatura bolsonarista encabeçada por Vitor Hugo. Apesar disso, ele lembra que se houver a constituição de uma federação partidária envolvendo PL e Republicanos, por exemplo, poderia haver espaço para duas chapas diversas ao governo do estado.

“Se isso acontecer, não necessariamente o candidato teria que vir do PL. Os partidos poderiam lançar candidaturas diferentes para o executivo estadual”, comenta. Carvalho ainda diz que as costuras de Magda Mofatto para lançar Mendanha importam mais nesse contexto que a pressão do presidente. “Nesse momento, acho que a montagem de Magda a nível local importa mais que a construção nacional. Ainda vejo com ceticismo uma candidatura de Vitor Hugo. Minha intuição diz que ele não deve ser candidato”, avalia.

Na falta de um nome, surge o de Vanderlan

Vários políticos goianos já não descartam uma candidatura de Vanderlan Cardoso e até mesmo veem-na como provável. No MDB, por exemplo, Carlos Júnior e Henrique Arantes já deram declarações nesse sentido.

O senador não expressou claramente, em nenhum momento, a intenção de se tornar um candidato ao governo. Porém, o mundo político vê como um sinal carreatas e eventos que Vanderlan tem participado com prefeitos no interior do estado.

Para Carvalho, o apoio de Bolsonaro a Vanderlan faria sentido, uma vez que o senador tem uma base evangélica, eleitorado que o presidente tenta cativar, e vem do empresariado. “Tem o perfil que agrada o eleitor bolsonarista”, analisa.

Para o cientista político, uma saída do senador da base caiadista seria natural. “Tem gente demais dentro dessa aliança. Faz total sentido a saída da base de Caiado para que ele lidere esse projeto”, argumenta.

Vanderlan seria um candidato mais competitivo, embora ainda tenha que resolver dois problemas, segundo o analista. “Vanderlan se destaca por ser um candidato sem grupo político. Ele nunca consegue montar o próprio grupo político. Esse é o motivo das derrotas dele. Ele passa uma sensação de que não consegue ser constância no projeto político”, aponta.

O outro entrave seria convencer o PSD a se opor a Caiado, caso o governador confirme Henrique Meirelles na chapa majoritária. “Isso é um grande problema. Não vejo Meirelles sendo candidato ao Senado em um palanque bolsonarista”, diz Carvalho. No entanto, para o cientista político, se ele conseguir unificar uma base bolsonarista em Goiás em torno do nome dele, pode ser um candidato forte.

“É claro que Bolsonaro está monitorando, fazendo pesquisas e vendo que ele (Vitor Hugo) não é um candidato competitivo para levar as bandeiras do presidente em Goiás. Para um palanque mais abrangente, faz todo sentido buscar candidatos com maior maleabilidade e não só numa ala puramente bolsonarista como seria com Vitor Hugo”, finaliza.

O DG procurou o deputado Vitor Hugo, mas não obteve resposta. Porém, em novembro, ele havia dito que, com ou sem sua candidatura ao governo estadual, o objetivo “é manter um presidente de direita, honesto, patriota, cristão à frente do nosso país para que possamos aos poucos fazer com que as pautas conservadores sejam implementadas em nosso país.”

O deputado disse ainda que o bolsonarismo tem força em Goiás e poderia levar um nome da vertente à vitória. “Torço para que ele queira uma via própria porque há um espaço e uma ânsia dos eleitores de direita se verem representados aqui no estado.”


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