Quatro meses se passaram desde que o Hospital Alberto Rassi – HGG teve sua gestão transferida pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) ao Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech). Primeiro a ter sua administração publicizada entre os cinco hospitais estaduais repassados a Organizações Sociais no atual governo do Estado de Goiás, o HGG registrou aumento de 21,09% no número de cirurgias realizadas, redução de 11,02% no número de cirurgias adiadas ou suspensas e 12,85% no total geral de exames processados.
Os resultados foram demonstrados às 10 horas desta segunda-feira, dia 30 de julho, no auditório do Hospital, na primeira prestação de contas apresentada ao secretário estadual de Saúde, Antônio Faleiros, ao presidente do Conselho Regulador da Agência Goiana de Regulação (AGR), Humberto Tannús Júnior, e representantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
A apresentação é prevista em contrato, tendo de ser realizada a cada trimestre por todas as organizações sociais que gerenciam hospitais do Estado. Estiveram presentes representantes do Conselho de Excelência do HGG, o ex-prefeito Nion Albernaz, e o médico Nabih Salum.
A reunião foi aberta pelo assessor jurídico do Idtech, Juscimar Ribeiro, que falou sobre a satisfação do Instituto em apresentar esta primeira prestação de contas.
“Equivocadamente, quem se posiciona contra as Organizações Sociais argumenta que as instituições não são fiscalizadas. A entrega desses documentos à AGR, que serão avaliados também pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) e pelo Tribunal de Contas do Estado, entre outros órgãos fiscalizadores, demonstra que essas colocações são infundadas”, declarou Juscimar.
O assessor jurídico lembrou que o Idtech tem toda uma “expertise” nestas prestações de contas não só aos órgãos fiscalizadores, mas à sociedade, visto que tem seis anos de atuação em Goiânia.
Ele lembrou que os documentos, assim como estão todos os demais relativos aos contratos de gestão, serão disponibilizados na seção de Transparência do site do Idtech, após a avaliação e parecer dos órgãos fiscalizadores.
Em função de o Instituto ter assumido o Hospital na última quinzena do primeiro trimestre, excepcionalmente esta prestação de contas é referente a dois trimestres. Engloba as últimas duas semanas de março e os meses de abril, maio e junho. Na entrega do relatório foi apresentado um balanço resumido das atividades do Idtech no Hospital nos últimos quatro meses, além de um vídeo que registra a situação do hospital antes de a instituição entrar na unidade.
O vídeo foi apresentado pelo diretor-geral do HGG, André Luiz Braga. Relatório de perícia técnica contratada pelo Idtech e registrada no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Goiás (Crea-GO), produzido no mês de março, o vídeo retrata a precariedade em que foi encontrado o HGG.
“Era um cenário desolador, que exigiu da Secretaria Estadual de Saúde, uma resposta, buscada na transferência da gestão visto que a burocracia emperrava soluções pelo poder público”, comentou.
O coordenador de Regulação Assistencial do Idtech, Rafael Nakamura, que falou em seguida, mostrou que o cenário de desabastecimento e degradação, especialmente das redes elétrica e hidráulica e de equipamentos foi substituído por outra realidade.
“O hospital está abastecido, com economia de cerca de 70% em alguns itens, graças à contratação de uma plataforma eletrônica de compras; tem passado por manutenção predial constante (também com economia de até 70% na prestação de alguns serviços) e os equipamentos foram reparados ou estão sendo substituídos”, enumerou.
Rafael Nakamura citou como exemplo a caldeira, que é movida a diesel e polui o meio ambiente. “Uma nova, ecologicamente correta, será instalada nas próximas semanas.”
Rafael Nakamura assinalou os próximos passos que serão adotados pelo Idtech na gestão do hospita. “O HGG passará por uma reforma geral, que melhorará principalmente as condições de acolhimento dos pacientes ambulatoriais (que vão ao Hospital se consultar ou fazer exames), e terá ampliada a Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, adiantou.
Segundo o coordenador, as obras serão iniciadas em breve. Rafael Nakamura destacou que também caminham a passos largos, os processos de informatização e modernização da Unidade.
O Idtech acaba de contratar a empresa MV Sistemas Hospitalares, uma das maiores do País, para fornecimento de softwares clínico e administrativo que transformarão o HGG em um hospital Paperless (hospital sem papel). O sistema prevê a automação de todo o fluxo clínico e implantação do prontuário eletrônico do paciente acessível inclusive por dispositivos móveis. Para isso, todo o arquivo atual será transportado para o meio digital.
Encontra-se em processo de contratação uma empresa especializada em guarda e digitalização de documentos para realizar o serviço. Os documentos serão disponibilizados via sistema sempre que solicitados.
As melhorias exigiram investimentos na ampliação do parque tecnológico do Hospital. Oito servidores e ativos de hardware foram comprados e estão sendo adquiridas 105 estações de trabalho e contratada uma empresa para implantar as redes lógica, telefônica e elétrica.
Visando à segurança, serão comprados também os equipamentos e contratada uma empresa especializada para implantação de circuito fechado de TV para monitoramento – CFTV. Serão instaladas no hospital 183 câmeras, sendo duas delas do tipo Speedome (câmeras giratórias).
Três processos seletivos e um recrutamento interno foram realizados para preencher déficits e substituir servidores com contratos temporários e comissionados.
Foram contratados 262 novos colaboradores (parte inicia em 1º de agosto). Atendendo determinação da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), de que todas as medidas e recursos disponíveis sejam adotados no monitoramento da carga horária dos servidores, o HGG contará em breve com um sistema eletrônico de registro de ponto. Já foram adquiridos os leitores biométricos necessários.
Importante lembrar que a medida atenderá reivindicação dos próprios colaboradores do Hospital. O Idtech realizou, entre os dias 29 e 31 de março, logo que assumiu o Hospital, uma Pesquisa de Clima Organizacional com o objetivo de analisar o ambiente de trabalho da Unidade. Uma das reivindicações dos servidores foi um sistema de controle eficaz da carga horária de trabalho.
Representante da AGR diz que vai avaliar quantidade e qualidade dos serviços
O presidente do Conselho de Regulação da AGR, Humberto Tannús Júnior, informou que o relatório de prestação de contas – com 16 volumes e 6.777 páginas no total – será avaliado pela Agência a partir dos indicadores e metas propostas no contrato.
“Vamos verificar se estão sendo cumpridas as metas não só no que diz respeito à quantidade de serviços ofertados, mas também à qualidade.” Um setor especializado da Agência cuidará de esmiuçar os dados e, depois de concluída a avaliação, um parecer será encaminhado ao órgão contratante, no caso, a SES.
Humberto Tannús Júnior aproveitou o momento para fazer uma breve explanação aos presentes sobre o papel da AGR, que tem o dever de fiscalizar a prestação de serviços transferidos pelo Estado em todas as áreas. “Acompanhamos a execução de serviços que o Estado deveria prestar, mas delega, nas mais diferentes áreas, como transporte, distribuição de energia elétrica, entre outros.
Fiscalizamos também se o poder público cumpre sua parte, repassando os recursos previstos e contrato para a execução dos serviços.”
O secretário estadual de Saúde, Antônio Faleiros, disse que o sistema de gestão adotado pelo Estado para os hospitais é um modelo exitoso. “Temos aí experiências como as do Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo – CRER e do Hospital de Urgências de Anápolis, entre outras, que já tem vários anos de bons resultados para comprovar o que estamos dizendo”, citou.
O secretário lembrou que, no caso da gestão dos Hospital recém-transferidos, entre os quais o HGG, o tempo é que vai apaziguar eventuais resistências. “É questão de tempo para que aqueles que hoje ainda se posicionam de forma contrária percebam que as Organizações Sociais vão mudar para melhor as condições de trabalho e atendimento nos hospitais.”
O diretor executivo do Idtech, José Cláudio Romero, destacou que nestes quatro meses, o HGG vivenciou um choque de gestão, que possibilitou a retomada de seu funcionamento pleno, com melhora em todos os índices estatísticos e a humanização do atendimento. O HGG é o primeiro hospital público do Estado de Goiás a contar com uma profissional de Hotelaria, que cuida especificamente da organização da unidade hospitalar. Só hospitais particulares contam com esse profissional. “A contratação do profissional de hotelaria, bem como as demais medidas adotadas, reflete uma preocupação do Idtech com uma evolução real da assistência ofertada, em termos de qualidade”, salientou.
Ao mesmo tempo procura resgatar a capacidade de atendimento do Hospital, visando sua máxima produtividade, o Idtech tem investido na melhoria do atendimento e em outros conceitos igualmente importantes, como o rigor administrativo e a sustentabilidade. “Mais do que gerenciar com qualidade e responsabilidade o Hospital Alberto Rassi, o Instituto quer fazer valer seus princípios estatutários, de ampliar o acesso do usuário do Sistema Único de Saúde (SUS) a um atendimento digno e pautado por critérios de excelência. Esse é nosso maior objetivo”, destacou.
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