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Goiânia
| Em 1 ano atrás

Atrasado, estudo da CNI propõe o que já é realidade no transporte coletivo em Goiânia

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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou o estudo “Mobilidade urbana no Brasil: marco institucional e propostas de modernização”, onde analisa as principais características dos deslocamentos no País.

O estudo encerra apontando sugestões aos problemas da mobilidade urbana brasileira, entre as quais, algumas que já são realidade na Região Metropolitana de Goiânia (RMG), mas que ele não cita.

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Por um lado, o estudo da CNI analisa os gargalos do transporte coletivo. Por outro, aponta seus efeitos para a indústria e a economia brasileira. Por fim, indica caminhos para solucionar os problemas da mobilidade urbana nacional.

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Alguns dos pontos já contemplados na RMG são:

 – Dotar as regiões metropolitanas de estruturas de governança mais efetivas, transferindo as atribuições da gestão da mobilidade urbana para uma instituição de natureza metropolitana voltada exclusivamente à mobilidade.

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Ocorre que na RMG já existem a Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo e a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos.

– Ampliar o número de Parcerias Público-Privadas em um modelo de PPP que agrupe a construção do sistema, da operação e da manutenção, em contratos de concessão de duração relativamente longas (em torno de 30 anos) para viabilizar investimentos em infraestrutura.

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No momento o governo de Goiás autorizou a formação de uma sociedade específica para as quatro empresas de transporte, visando a eletrificação do Eixo Anhanguera e renovar frota. Em troca, prorroga os contratos por mais 20 anos.

– Garantir acesso mais equitativo e inclusivo ao transporte público de média e alta capacidade.

Neste aspecto, a resposta está na manutenção da tarifa do transporte na Grande Goiânia, congelada para os passageiros em R$ 4,30 há quatro anos, com estimativa de assim permanecer por mais quatro. O que impede o reajuste da tarifa para o valor de R$ 7, 20 aos passageiros, é o subsídio bancado em conjunto por governo estadual e prefeituras da RMG.

Estudo não aborda RMG

Por outro lado, faltam a Goiânia e demais cidades da região, dados relacionados à mobilidade urbana na RMG, assim como o próprio levantamento da CNI não observou a realidade local.

“Infelizmente o estudo não aborda Goiânia ou a RMG”. Quem aponta é a professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) Erika Cristine Kneib, doutora na área, ouvida pelo Diário de Goiás.

Ela detalha um ponto de destaque: “Não temos uma pesquisa atual de origem e destino da população, ou seja, não sabemos como nossa população se desloca. A última [pesquisa de origem e destino] foi feita em 2000. Se não temos um retrato da realidade, fica difícil saber os problemas e gargalos e planejar efetivamente”.

Falta plano de mobilidade

Além disso, ela aponta que também não há um plano de mobilidade metropolitana, o que na avaliação da especialista seria de muita importância para direcionar as políticas públicas na RMG de forma ainda mais eficiente.

“O transporte coletivo não se resolve de maneira isolada. É necessário pensar a mobilidade como um todo, estando os modos de transporte e o planejamento urbano interligados”, observa.

Pandemia

Para ela, o caminho do financiamento do transporte coletivo pelo poder público é desejado e fundamental para buscar a qualidade do sistema. “Afinal, trata-se de um serviço público, que beneficia toda a sociedade e não só quem se desloca por transporte público.”

Érika lembra que no auge da pandemia de Covid-19 a demanda do transporte coletivo foi reduzida drasticamente e o poder público foi obrigado a intervir, com recursos públicos, para manter minimamente o funcionamento do serviço. E que isso aconteceu em diversas cidades do Brasil.

Marco Regulatório

Na sequência, na RMG, houve uma atualização do Marco Regulatório do Transporte coletivo, cita.

A professora salienta que isto possibilitou diversas alterações no sistema: “A exemplo do estabelecimento da governança da rede, dividindo as responsabilidades inclusive sobre o financiamento público; ou ainda a diversificação dos produtos tarifários”.

Transparência

Nesse sentido, contudo, ela observa que é importante que “seja divulgado pelo poder público como o recurso público está sendo utilizado para a melhoria do serviço, assim como quais são os mecanismos que o estado de Goiás e os municípios da  RMG planejam para manter o financiamento”.

Ou seja, ela ressalta a importância de transparência para divulgar de onde os municípios e Estado pretendem arrecadar ou retirar recursos para destinar ao transporte público coletivo, “e se esses recursos estão previstos nas leis orçamentárias”.

Desafio dos custos

Outra alerta que ela faz é sobre os custos de transporte coletivo, que tendem a aumentar. “Assim, há a necessidade de ações planejadas e integradas, que objetivem reduzir custos do transporte coletivo, contemplando, por exemplo, como o Estado e os municípios pretendem reduzir os custos existentes”.

E cita a implementação de infraestrutura adequada, como corredores preferenciais e exclusivos, que tendem a aumentar a velocidade operacional e reduzir custos de viagens.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.