Após o incêndio que atingiu o viaduto João Alves de Queiroz, no cruzamento das avenidas T-63 e 85, no Setor Bela Vista, em Goiânia, o prefeito Rogério Cruz acompanhou, durante a manhã desta sexta-feira (15), os trabalhos de avaliação em toda a estrutura do viaduto e determinou a retirada das placas, que serão substituídas por obras de arte urbana.
Equipe técnica responsável pela perícia, bem como especialistas em engenharia, pontuou que avaliações preliminares não indicam danos à estrutura do complexo
O incêndio nas placas teve início durante a madrugada desta sexta-feira. Imediatamente, equipes da Defesa Civil e Polícia Civil foram acionadas para identificar causas e materiais que possam ter gerado o fogo. As primeiras medidas se concentraram, também, na interdição parcial do trânsito para preservar a segurança de pedestres e motoristas.
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Para Rogério Cruz, a maior preocupação, no momento, é garantir segurança aos usuários, “por isso, aguardamos o relatório concreto que aponte o estado real das estruturas”. A previsão é de que a análise completa seja concluída neste final de semana e, a partir daí, equipes técnicas procederão com a liberação de tráfego, se houver segurança.
Segundo o prefeito, após as devidas avaliações, diagnóstico e limpeza, “as placas metálicas serão retiradas e substituídas por obras de arte urbana, a exemplo dos novos viadutos da capital”.
Trânsito
Como medida de segurança, o trânsito na alça superior, ou seja, na parte de cima do viaduto, foi totalmente interditado, bem como a parte inferior, na rotatória da Avenida 85 com a S-1, sentido Centro-Serrinha.
Está liberado o trânsito na parte inferior do viaduto, para quem desce a Avenida 85 no sentido Serrinha-Centro, bem como na Avenida T-63, sentido Pedro Ludovico e Praça da Nova Suíça, com trânsito fluindo normalmente. O tráfego total das vias, bem como sobre o viaduto, só será liberado após emissão de laudo pericial.
Durante este período, agentes de trânsito permanecerão no local para orientação aos motoristas. O secretário municipal de Mobilidade, Horário Mello, destaca, também, o uso de aplicativos para direcionamento de trânsito. “O Waze, por exemplo, teve os mapas atualizados logo na madrugada. São ferramentas que apontam, em tempo real, o fluxo das vias na região”.
Estruturas
O secretário municipal de Infraestrutura, Everton Schmaltz, explica que, aparentemente, dois pilares do viaduto foram atingidos pelas chamas. As primeiras análises não indicam infiltração, apenas danos superficiais, especialmente na pintura. “Porém, é preciso aguardar as análises técnicas, como ensaios de integridade, para termos uma conclusão acertada”.
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Segundo Schmaltz, os laudos apontarão, além do material causador do incêndio, a ordem dos danos causados à estrutura. A partir daí, serão encaminhadas as ações de recuperação da estrutura, uma vez que se trata de viaduto em localização estratégica e a liberação do tráfego depende das orientações constantes nos laudos pelos especialistas.
Ainda segundo o titular da Infraestrutura, “qualquer ação referente à estrutura do viaduto priorizará a qualidade e segurança no intuito de evitar novos incidentes”. Schmaltz esclareceu, também, que os elevados da capital passam por revisões constantes e ressalta que ocorrências como a do Viaduto João Alves de Queiroz são atípicas, por isso, todas as perícias e investigações serão realizadas para apurar as causas.
Especialista avalia decisão de retirada das placas do viaduto da T-63
O coordenador da Câmara de Engenharia Civil do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), Ricardo Barbosa Ferreira, afirmou, que o prefeito Rogério Cruz acerta ao determinar a retirada das placas de material de alumínio composto (ACM) do Viaduto João Alves de Queiroz.
Segundo ele, há possibilidade de que as placas tenham sido responsáveis pelo aumento da propagação das chamas. O especialista ressaltou que o município aplica corretamente o protocolo de intervenção após o incêndio.
“Desde 2019, temos solicitado a remoção desse material nos relatórios. A prefeitura já sinalizou que vai rever a instalação desse ACM. Ele não contribui do ponto de vista da segurança, atrapalha a durabilidade e a funcionalidade fica comprometida. Hoje, muito em função do desempenho do ACM, o viaduto está interditado, ou seja, a funcionalidade dele para a população não é cumprida”, disse Ricardo Barbosa Ferreira.
O conselheiro do Crea explicou que uma estrutura como um viaduto precisa conter três requisitos fundamentais: segurança, durabilidade e funcionalidade. De acordo com o especialista, o ACM não é indicado por interferir nessas áreas.
“O ACM nesse tipo de estrutura afeta a segurança. É recorrente a quebra das placas que, ao atingirem um pedestre, um motociclista, podem trazer consequências muito graves. Segundo ponto, é o que vimos hoje. No caso de um incêndio, é um sanduíche que tem plástico, se constitui material combustível e propaga chamas. Afeta a funcionalidade porque impede a visualização da estrutura real. Isso atrapalha a inspeção do profissional técnico”, avaliou.
Projeto de retirada das placas já existe
O prefeito Rogério Cruz afirmou que o município já tem projeto que propõe retirada das placas de ACM, que serão substituídas por artes urbanas. “Todos conhecem os problemas que elas causam. Antes do incidente, nós já tínhamos placas caindo, com o vento ou até mesmo a trepidação do trânsito. Já era projeto nosso a retirada, e implantar arte urbana nos viadutos”, disse.
Protocolo
O coordenador do Crea, Ricardo Barbosa Ferreira, avaliou que a Prefeitura de Goiânia aplica corretamente o protocolo de intervenção após o incêndio. Segundo ele, a interdição tem o objetivo de resguardar a integridade dos usuários da estrutura.
“Neste momento do acidente, temos um protocolo de intervenção. Você tem que fazer o contingenciamento. Isso está sendo seguido, primeiro interditar, resguardar a integridade física dos usuários. Segundo passo é fazer uma inspeção extraordinária. Os engenheiros da Seinfra conhecem o protocolo, e o estão cumprindo. A estrutura vai ser limpa, vistoriada. Vão ser avaliadas as questões técnicas, para se chegar a uma decisão final se vai liberar para tráfego”, informou.
O Crea trabalha em sistema colaborativo com a Prefeitura de Goiânia, junto com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), e o Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape). As instituições contam com 50 engenheiros, que avaliam periodicamente 121 estruturas da cidade. Os relatórios são enviados para o município com orientações sobre prioridades de manutenção.
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